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Pacificação no Rio completa 5 anos cercada por polêmicas

Programa de pacificação chega ao quinto ano em plena expansão, apesar da ameaça de traficantes e das denúncias de torturas cometidas por policiais

Policial do Bope segura arma em favela do Rio de Janeiro: Comandante da UPP do Santa Marta, disse à Agência Efe que em algumas favelas ainda há desconfiança em relação à polícia por parte dos moradores (REUTERS/Ricardo Moraes)
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Da Redação

Publicado em 17 de novembro de 2013 às 11h24.

Rio de Janeiro - O plano de pacificação das favelas do Rio de Janeiro completa semana cinco anos nesta semana em plena expansão, apesar da ameaça de traficantes e do desgaste causado por denúncias de torturas cometidas por policiais.

Com cerca de seis mil habitantes, a comunidade de Santa Marta foi a pioneira nesta política de segurança, cujo objetivo é expulsar os grupos armados e levar serviços públicos aos moradores.

No dia 19 de novembro de 2008, a polícia tomou o Santa Marta dos traficantes que durante décadas dominaram o morro encrustado no bairro de Botafogo, na zona sul carioca.

Até então, a polícia só ousava pôr os pés nas favelas em incursões pontuais e, pela primeira vez, decidiu instalar-se de forma permanente, com quartéis conhecidos como Unidades de Polícia Pacificadora ( UPP ).

Agora o Santa Marta é considerada um 'modelo' de UPP, tanto pelo grau de segurança alcançado, sem registro de homicídios desde sua implantação, como pela quantidade de políticas sociais e planos de urbanização executados na comunidade.

O capitão Jeimison Barbosa, comandante da UPP do Santa Marta, disse à Agência Efe que em algumas favelas ainda há um alto grau de desconfiança em relação à polícia por parte dos moradores, sobretudo durante as fases iniciais de sua implantação.

'Para que o projeto tenha êxito, o mais importante é que os moradores tenham confiança no trabalho da polícia. É lógico que, como houve um poder paralelo por 30 ou 50 anos, haja uma resistência maior', afirmou o capitão.

Barbosa destacou que a comunidade 'começa a confiar' quando vê os projetos sociais e urbanísticos que acompanham a UPP, entre eles a melhoria da rede de águas e esgoto e de iluminação.

Uma das medidas pensadas para diminuir a rejeição da população foi a decisão de destacar nas UPPs agentes recém formados, que receberam uma formação especial para este programa.

No entanto, o comportamento dos novos policiais gerou um grande desgaste da imagem do programa nos últimos meses, depois que foram revelados casos de torturas durante interrogatórios na UPP da Rocinha, a maior favela do Rio.

O coronel Frederico Caldas, responsável pelo programa, pediu desculpas publicamente no último dia 6 pelo desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, que teria sido torturado e assassinado por policiais da UPP da Rocinha no último mês de julho.


'Isto foi um absurdo e é inaceitável que este tipo de comportamento seja cometido por um policial', declarou o coronel Caldas, em referência ao caso pelo qual 25 policiais foram detidos.

No caso do Santa Marta, os moradores também se queixam de ter sofrido 'abusos de poder' por parte de policiais.

'A pacificação tem altos e baixos, há momentos que está bem e momentos que não, como quando mudam os policiais e os novos vêm com vícios de outras favelas', contou à Efe o presidente da Associação de Moradores do Santa Marta, Mário Hilário.

O governo do Rio reconheceu que as quadrilhas 'tentam atacar' o plano de 'pacificação' e apresentam resistência armada em algumas comunidades, como no Complexo do Alemão, Rocinha e Cidade de Deus, onde foram registrados tiroteios e até assassinatos de policiais, embora as autoridades insistam que se trate de casos pontuais.

'Quando a UPP é implantada, o tráfico não deixa de existir porque não há como acabar com o tráfico de drogas. Acaba a ostentação de fuzis e armas de grosso calibre. Os traficantes de droga se adaptam, vendem em pequenas quantidades e se escondem', explicou à Efe o capitão Barbosa.

Nestes cinco anos foram instaladas 34 UPPs que atendem a 233 favelas e outras seis estão previstas até dezembro de 2014.

Quatro delas serão instaladas na Maré, conjunto de favelas considerado atualmente como o mais perigoso do Rio e que está localizado na via entre o aeroporto internacional e o centro da cidade.

Na quarta-feira a polícia fez uma operação na Maré prévia à ocupação, na qual deteve 26 supostos traficantes.

Na ocasião, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, reiterou o empenho das autoridades em prosseguir com a 'pacificação'.

'O Estado entrou, o território é do Estado e não vamos sair', sentenciou. EFE

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Rio de Janeiro - O plano de pacificação das favelas do Rio de Janeiro completa semana cinco anos nesta semana em plena expansão, apesar da ameaça de traficantes e do desgaste causado por denúncias de torturas cometidas por policiais.

Com cerca de seis mil habitantes, a comunidade de Santa Marta foi a pioneira nesta política de segurança, cujo objetivo é expulsar os grupos armados e levar serviços públicos aos moradores.

No dia 19 de novembro de 2008, a polícia tomou o Santa Marta dos traficantes que durante décadas dominaram o morro encrustado no bairro de Botafogo, na zona sul carioca.

Até então, a polícia só ousava pôr os pés nas favelas em incursões pontuais e, pela primeira vez, decidiu instalar-se de forma permanente, com quartéis conhecidos como Unidades de Polícia Pacificadora ( UPP ).

Agora o Santa Marta é considerada um 'modelo' de UPP, tanto pelo grau de segurança alcançado, sem registro de homicídios desde sua implantação, como pela quantidade de políticas sociais e planos de urbanização executados na comunidade.

O capitão Jeimison Barbosa, comandante da UPP do Santa Marta, disse à Agência Efe que em algumas favelas ainda há um alto grau de desconfiança em relação à polícia por parte dos moradores, sobretudo durante as fases iniciais de sua implantação.

'Para que o projeto tenha êxito, o mais importante é que os moradores tenham confiança no trabalho da polícia. É lógico que, como houve um poder paralelo por 30 ou 50 anos, haja uma resistência maior', afirmou o capitão.

Barbosa destacou que a comunidade 'começa a confiar' quando vê os projetos sociais e urbanísticos que acompanham a UPP, entre eles a melhoria da rede de águas e esgoto e de iluminação.

Uma das medidas pensadas para diminuir a rejeição da população foi a decisão de destacar nas UPPs agentes recém formados, que receberam uma formação especial para este programa.

No entanto, o comportamento dos novos policiais gerou um grande desgaste da imagem do programa nos últimos meses, depois que foram revelados casos de torturas durante interrogatórios na UPP da Rocinha, a maior favela do Rio.

O coronel Frederico Caldas, responsável pelo programa, pediu desculpas publicamente no último dia 6 pelo desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, que teria sido torturado e assassinado por policiais da UPP da Rocinha no último mês de julho.


'Isto foi um absurdo e é inaceitável que este tipo de comportamento seja cometido por um policial', declarou o coronel Caldas, em referência ao caso pelo qual 25 policiais foram detidos.

No caso do Santa Marta, os moradores também se queixam de ter sofrido 'abusos de poder' por parte de policiais.

'A pacificação tem altos e baixos, há momentos que está bem e momentos que não, como quando mudam os policiais e os novos vêm com vícios de outras favelas', contou à Efe o presidente da Associação de Moradores do Santa Marta, Mário Hilário.

O governo do Rio reconheceu que as quadrilhas 'tentam atacar' o plano de 'pacificação' e apresentam resistência armada em algumas comunidades, como no Complexo do Alemão, Rocinha e Cidade de Deus, onde foram registrados tiroteios e até assassinatos de policiais, embora as autoridades insistam que se trate de casos pontuais.

'Quando a UPP é implantada, o tráfico não deixa de existir porque não há como acabar com o tráfico de drogas. Acaba a ostentação de fuzis e armas de grosso calibre. Os traficantes de droga se adaptam, vendem em pequenas quantidades e se escondem', explicou à Efe o capitão Barbosa.

Nestes cinco anos foram instaladas 34 UPPs que atendem a 233 favelas e outras seis estão previstas até dezembro de 2014.

Quatro delas serão instaladas na Maré, conjunto de favelas considerado atualmente como o mais perigoso do Rio e que está localizado na via entre o aeroporto internacional e o centro da cidade.

Na quarta-feira a polícia fez uma operação na Maré prévia à ocupação, na qual deteve 26 supostos traficantes.

Na ocasião, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, reiterou o empenho das autoridades em prosseguir com a 'pacificação'.

'O Estado entrou, o território é do Estado e não vamos sair', sentenciou. EFE

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