Governo Temer abre flanco com nova ministra do Traballho
Justo quando o governo parecia perto de fechar a dança das cadeiras e poderia negociar a reforma da Previdência, mais um flanco se abre
EXAME Hoje
Publicado em 4 de janeiro de 2018 às 06h42.
Última atualização em 4 de janeiro de 2018 às 07h15.
Com a tradicional dose de polêmica que toda decisão do presidente Michel Temer deve ter, o governo bateu o martelo a respeito da nova ministra do Trabalho . A deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), uma das poucas mulheres que agora habitam a Esplanada, será a substituta na pasta do deputado federal Ronaldo Nogueira (PTB-RS), que pediu demissão no último dia 27 para se dedicar à campanha eleitoral de 2018.
A confirmação será publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial. “Para uma mulher política, para quem as dificuldades são maiores, é um cargo de grandes prestígio. Sinto-me empoderada”, disse Cristiane ao jornal O Globo.
Seria uma bola cheia para o governo ter uma mulher com discurso forte dentro da administração, que há um ano e meio foi chamada de “misógina” por falta de representação feminina no alto escalão. Mas as disputas já começaram.
Cristiane é filha de Roberto Jefferson, delator e condenado no esquema do mensalão. Jefferson chegou a chorar ao dizer que a nomeação de sua filha é um “resgate” à imagem da família, mas não é o que pensa todo e qualquer adversário de Temer.
Em outro pequeno desgaste, seu nome foi indicado após veto do ex-presidente José Sarney ao deputado federal Pedro Fernandes (PTB-MA). Sarney usou influência para evitar o fortalecimento de adversários no Maranhão, em especial o governador Flávio Dino (PCdoB).
O PTB é da base do governo e a família Sarney é de oposição pelas pretensões de voltar ao governo com Roseana Sarney em 2018. A posse de Fernandes estava marcada para esta quinta-feira. Cristiane, contudo, só deverá assumir na semana que vem.
Por fim, a nomeação de Cristiane dividiu as atenções com a demissão de Marcos Pereira (PRB) do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Justo quando o governo parecia perto de fechar a dança das cadeiras e poderia se concentrar nas negociações da reforma da Previdência, mas um flanco se abre na administração e retomam-se as barganhas.
A própria nomeação de Cristiane pode durar pouco. Aliados dizem que ela pretende disputar a reeleição para deputada federal. Pela lei, ela precisaria se afastar do cargo em abril. Segundo o jornal O Globo, Cristiane fica no cargo até o fim do governo, e não disputará as eleições. As mudanças, assim como as negociações políticas do governo Temer, têm prazo de validade cada vez mais curto.