São Paulo – Todos os dias, dez jovens de 16 ou 17 anos são
assassinados no Brasil. São, em geral, meninos negros, com escolaridade abaixo da média, mortos por armas de fogo. As conclusões fazem parte do estudo Mapa da Violência no Brasil: jovens de 16 e 17 anos, apresentado ontem na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no
Senado que investiga o
assassinato de
jovens no Brasil. Segundo o responsável pela análise, o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador da Área de Estudos da Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências, os homicídios já respondem por quase metade das
mortes na faixa dos 16 e 17 anos. Em 2013, a taxa de assassinato nessa faixa etária foi de 54,1 mortes a cada 100 mil jovens. “O número é seis vezes maior do que o registrado em 1980”, diz Jacobo. Os dados são ainda mais alarmantes dependendo do estado. Em Alagoas, por exemplo, foram registradas 147 homicídios a cada 100 mil jovens. No Espírito Santo, a cada 100 mil adolescentes, 140 foram mortos. Os números foram divulgados em meio à discussão da redução da maioridade penal, que será votada nesta terça-feira na Câmara dos Deputados. A
proposta é que sejam punidos como adultos os maiores de 16 anos que cometerem crimes hediondos, como latrocínio, estupro, homicídio doloso (com intenção de matar), lesão corporal grave, lesão corporal seguida de morte e roubo qualificado. Caso seja aprovada, a medida ainda passa por nova votação na Câmara para então ser discutida no Senado. Para Jacobo, com a redução da maioridade penal é provável que o número de homicídios nessa faixa etária aumente. "Esses jovens são vítimas da nossa violência cotidiana", diz ele. “As pessoas discutem se será preciso construir mais presídios para adolescentes. A minha preocupação é que tenham que construir mais necrotérios”. Veja nos slides acima os estados com as maiores taxas de homicídio de jovens de 16 e 17 anos. Na lista aparece, também, o número absoluto de adolescentes assassinados. Os dados são de 2013 e foram extraídos do Sistema de Informações de Mortalidade da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde.