Falta de "pulso" ajudou em queda de Patriota
Fuga de senador boliviano foi gota d’água para a demissão, mas respostas a impasses recentes, como a detenção de brasileiro em Londres, receberam críticas por serem brandas
Da Redação
Publicado em 27 de agosto de 2013 às 12h14.
São Paulo - A vinda do senador Boliviano Roger Pinto para o Brasil sem a autorização do governo brasileiro provocou a queda do ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota , que foi forçado a deixar o cargo nesta segunda-feira. Mas o episódio foi apenas o estopim para o fim de uma relação já desgastada entre o diplomata e a presidente Dilma Rousseff.
Após reunião com o então ministro, Dilma anunciou que “aceitou a demissão de Patriota” e emitiu breve nota na qual “agradeceu a dedicação e o empenho do ministro nos mais de dois anos que permaneceu no cargo”. Patriota será substituído por Luiz Alberto Figueiredo, representante do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU).
Dilma ficou irritada com a operação montada por Eduardo Saboia para a fuga de Roger Pinto, feita sem a autorização do Itamaraty. A presidente considerou o episódio como quebra de hierarquia, pois já havia proibido que o senador viesse para o Brasil.
Mas esta não foi a primeira vez em que a presidente discordou da postura de Patriota no comando do Itamaraty. Desavenças foram registradas também na Rio+20.
Dois episódios recentes, porém, evidenciam outra crítica feita à Patriota, um diplomata considerado extremamente competente no Itamaraty: a falta de firmeza na condução da resposta brasileira em casos delicados. Veja a seguir:
1) Detenção do brasileiro David Miranda em Londres
O mais recente caso em que a atuação de Patriota teria deixado a presidente insatisfeita foi em relação à detenção do brasileiro David Miranda por policiais britânicos no aeroporto de Londres.
O companheiro do jornalista americano Glenn Greenwald, correspondente do jornal The Guardian responsável por tornar pública a denúncia de Edward Snowden sobre o programa de espionagem dos Estados Unidos, ficou detido por mais de nove horas e teve aparelhos eletrônicos confiscados.
Frente à possível crise diplomática instalada entre Brasil e Reino Unido, a expectativa o Palácio do Planalto era a de que Patriota reagisse de maneira mais dura. O tom utilizado pelo ministro nas negociações posteriores foi considerado exageradamente ameno.
2) Espionagem dos EUA ao Brasil
Após a denúncia de que o Brasil também foi (e talvez continue sendo) um dos alvos do programa de espionagem do governo d os EUA, era esperado que o governo brasileiro cobrasse explicações do secretário de Estado americano John Kerry durante sua visita ao Brasil neste mês.
Patriota chegou a afirmar que a manutenção da espionagem no exterior poderia afetar a relação do Brasil com o país. Mas, durante sua estada em terras brasileiras, Kerry defendeu as medidas e minimizou seu impacto sobre a relação entre os países. O secretário de Estado deixou então o país amistosamente, sem que nenhuma medida fosse tomada.
São Paulo - A vinda do senador Boliviano Roger Pinto para o Brasil sem a autorização do governo brasileiro provocou a queda do ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota , que foi forçado a deixar o cargo nesta segunda-feira. Mas o episódio foi apenas o estopim para o fim de uma relação já desgastada entre o diplomata e a presidente Dilma Rousseff.
Após reunião com o então ministro, Dilma anunciou que “aceitou a demissão de Patriota” e emitiu breve nota na qual “agradeceu a dedicação e o empenho do ministro nos mais de dois anos que permaneceu no cargo”. Patriota será substituído por Luiz Alberto Figueiredo, representante do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU).
Dilma ficou irritada com a operação montada por Eduardo Saboia para a fuga de Roger Pinto, feita sem a autorização do Itamaraty. A presidente considerou o episódio como quebra de hierarquia, pois já havia proibido que o senador viesse para o Brasil.
Mas esta não foi a primeira vez em que a presidente discordou da postura de Patriota no comando do Itamaraty. Desavenças foram registradas também na Rio+20.
Dois episódios recentes, porém, evidenciam outra crítica feita à Patriota, um diplomata considerado extremamente competente no Itamaraty: a falta de firmeza na condução da resposta brasileira em casos delicados. Veja a seguir:
1) Detenção do brasileiro David Miranda em Londres
O mais recente caso em que a atuação de Patriota teria deixado a presidente insatisfeita foi em relação à detenção do brasileiro David Miranda por policiais britânicos no aeroporto de Londres.
O companheiro do jornalista americano Glenn Greenwald, correspondente do jornal The Guardian responsável por tornar pública a denúncia de Edward Snowden sobre o programa de espionagem dos Estados Unidos, ficou detido por mais de nove horas e teve aparelhos eletrônicos confiscados.
Frente à possível crise diplomática instalada entre Brasil e Reino Unido, a expectativa o Palácio do Planalto era a de que Patriota reagisse de maneira mais dura. O tom utilizado pelo ministro nas negociações posteriores foi considerado exageradamente ameno.
2) Espionagem dos EUA ao Brasil
Após a denúncia de que o Brasil também foi (e talvez continue sendo) um dos alvos do programa de espionagem do governo d os EUA, era esperado que o governo brasileiro cobrasse explicações do secretário de Estado americano John Kerry durante sua visita ao Brasil neste mês.
Patriota chegou a afirmar que a manutenção da espionagem no exterior poderia afetar a relação do Brasil com o país. Mas, durante sua estada em terras brasileiras, Kerry defendeu as medidas e minimizou seu impacto sobre a relação entre os países. O secretário de Estado deixou então o país amistosamente, sem que nenhuma medida fosse tomada.