Orçamento da ciência atinge novo corte em 2017, de R$ 477 mi
Apesar da alta no ano passado, o valor deverá encolher mais 10 por cento, por causa do bloqueio de R$ 16 bilhões do Orçamento federal
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de fevereiro de 2018 às 10h23.
Última atualização em 6 de fevereiro de 2018 às 11h59.
São Paulo - O Orçamento nacional de Ciência e Tecnologia, que já começou o ano 25% menor do que em 2017, deverá encolher mais 10%, por causa do bloqueio de R$ 16 bilhões do Orçamento federal, anunciado pelo governo na semana passada.
As consequências serão "catastróficas para toda a estrutura de pesquisa no País", na avaliação de entidades científicas.
"A possibilidade de recuperação econômica do País fica ainda mais comprometida e a qualidade de vida da população brasileira, em particular na saúde pública, será certamente prejudicada", diz uma carta enviada ao presidente Michel Temer na sexta-feira, antes mesmo do contingenciamento ser confirmado. O documento é assinado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e outras cinco entidades.
O orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) disponível para investimento em bolsas e pesquisas será reduzido de R$ 4,5 bilhões para R$ 4 bilhões, aproximadamente, de acordo com cálculos da própria pasta.
O valor exato do contingenciamento é de R$ 477 milhões. Outras áreas do governo federal também têm sofrido com restrição de verbas.
"Estamos conversando com o MCTIC para ver saídas, mas a situação é muito preocupante. Corte de 10% é intolerável", diz o diretor do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), Augusto Gadelha.
"O sistema está tão fragilizado que vai quebrar todo mundo", afirma o diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Ronald Shellard.
O orçamento inicial, sem contingenciamento, já era considerado uma "tragédia anunciada" pela comunidade científica. Considerando a inflação, ele representa menos da metade do que o ministério dispunha para investimento cinco anos atrás.
"É alto o risco de laboratórios de pesquisa serem fechados, pesquisadores deixarem o País e jovens estudantes abandonarem a carreira científica", destaca um manifesto assinado por dezenas de organizações. "Enquanto outros países apostam na ciência e tecnologia como um setor prioritário, aqui ele é visto como qualquer outro", critica o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich.
O Ministério da Ciência e Tecnologia informou que vai reunir-se hoje para discutir as consequências do contingenciamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.