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Operador do guindaste do Itaquerão nega falha humana

De acordo com o depoimento, um plano de trabalho mostrou que as condições técnicas de vento, chuva e solo eram favoráveis para o trabalho naquele dia

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2013 às 16h24.

São Paulo – O operador de guindaste José Walter Joaquim, que içava a última peça da cobertura do estádio do Corinthians, o Itaquerão, quando ocorreu o acidente que matou duas pessoas no último dia 27, negou ter falhado durante a operação e disse que aguarda a perícia técnica para saber o que provocou a queda da grua.

O operário prestou depoimento hoje (4) no 65º Distrito Policial, em Itaquera, zona leste paulistana.

“Ele não tem uma explicação exata para o que ocorreu. Fizeram todo um planejamento [para o trabalho], segundo ele”, disse o delegado Luiz Antônio da Cruz, responsável pelas investigações.

De acordo com o depoimento, um plano de trabalho feito pela Construtora Odebrecht e validado pela empresa Locar, que operava o guindaste, mostrou que as condições técnicas de vento, chuva e solo eram favoráveis para o trabalho naquele dia. “

Não tinha problemas com o solo, o tempo estava bom e ele disse, inclusive, que fez os outros 37 içamentos [da obra]”, informou o delegado.

Segundo Luiz Cruz, o operador disse ainda que tentou várias vezes colocar a peça no local, mas não foi possível. Em seguida, o supervisor da operação pediu para que saísse do guindaste.

O advogado da Locar, Carlos Kauffmann, acompanhou o depoimento do funcionário da empresa e, na saída, fez questão de destacar as qualificações técnicas do seu assistido.

“Ele tem 34 anos de experiência como operador de guindaste. Desde que esse equipamento chegou no Brasil, ele opera. Tem longa experiência”, informou. O defensor disse também que esse foi o primeiro acidente da carreira do operador e que o mesmo não relatou haver insegurança em relação ao solo no dia da ocorrência. “Se estivesse inseguro, não teria feito a operação”, garantiu.


Kauffmann reforçou que, para ele, o erro humano está descartado e que a máquina está sendo submetida a análise de engenheiros e dos fabricantes, e só então poderá ser constatado se houve falha mecânica.

“Qualquer desconfiança é suposição. Ele [operador] não tem hipótese. Ele trabalha com dados técnicos também. Vamos aguardar o laudo técnico para saber qual foi a causa”, apontou.

Por outro lado, o delegado informou que um disco rígido com dados da máquina, o equivalente a uma caixa-preta do guindaste, será analisado na Alemanha, país de origem do fabricante.

Ele disse que permanecerá colhendo depoimentos enquanto aguarda o laudo pericial, que deve ficar pronto até o fim deste mês. 

"Posso até fazer outras oitivas diante do que o perito me passar”, declarou.

Na próxima semana, o delegado deve chamar o supervisor da Locar que acompanhava o trabalho do operador de guindaste.

O prazo para finalização do inquérito é 30 dias, mas ele pode pedir prorrogação do prazo. Segundo Cruz, primeiro estão sendo chamados funcionários responsáveis pelas atividades, como engenheiros, e os que estavam diretamente envolvidos com a ocorrência, para, em seguida, ouvir outros operários.

Na manhã de hoje, representantes da Federação Internacional de Futebol (Fifa) e do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014 visitaram o canteiro de obras do estádio do Corinthians, que sediará a abertura dos jogos em junho do próximo ano.

Ontem (3), as entidades informaram que quatro dos seis estádios ainda não concluídos – os de Cuiabá, Manaus, Natal e Porto Alegre - estão sendo preparados para fazer o primeiro evento em janeiro próximo.

Além desses, o de Curitiba também pode ser inaugurado em janeiro.

Quanto ao Itaquerão, a Fifa e o COL disseram que é prematuro fazer uma avaliação concreta, porque o relatório técnico e a investigação das autoridades locais sobre o acidente ainda não foram concluídos.

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