Exame Logo

Operação Lava Jato pode comprometer futuro de concessões

Os principais candidatos dos eventuais leilões são justamente as empresas que agora estão enredadas na investigação

Construção: um buraco potencial de pelo menos R$ 9,7 bilhões nas contas de 2015 (Joe Raedle/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2014 às 07h43.

Brasília - Os desdobramentos das prisões de executivos de grandes construtoras na operação Lava Jato ainda são incalculáveis, mas uma coisa já se sabe: grande aposta da presidente Dilma Rousseff para puxar o crescimento em seu segundo mandato, as novas concessões em infraestrutura estão em xeque.

Isso porque os principais candidatos dos eventuais leilões são justamente as empresas que agora estão enredadas na investigação.

"Pode ter problema nas coisas novas", disse um executivo do setor de construção pesada. Isso significa um buraco potencial de pelo menos R$ 9,7 bilhões nas contas de 2015.

A previsão era arrecadar, no ano que vem, R$ 7,1 bilhões em bônus de assinatura pela exploração de áreas do pré-sal e outros R$ 2,6 bilhões com concessões de aeroportos. O governo não anunciou quais seriam, mas estão cotados os de Recife, Salvador, Vitória e Porto Alegre.

Pode ficar prejudicado também todo o programa de concessão de ferrovias, que estava em preparação para começar em 2015

Esse, porém, já tinha perspectiva de atraso por causa de insegurança das construtoras quanto ao modelo proposto. A concessão de quatro novos lotes rodoviários também deve sofrer impacto.

Reação

O setor ainda não tem ideia de como será afetado pela operação, mas um executivo ouvido pelo jornal O Estado de S. Paulo indicou a estratégia de reação das empresas: isolá-las dos personagens comprometidos com as irregularidades. "Afetou algumas pessoas, pelo que sei, mas não vejo por que afetaria a questão operacional."

Esse foi o mesmo discurso adotado pelo ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos. Ao Broadcast, ele disse que as empresas não são iguais a seus executivos e minimizou o risco de prejuízos às obras. "Eu acho que as empresas têm características diferentes das pessoas físicas."

A expectativa das construtoras é de que os contratos em andamento com o governo federal não sejam atingidos. Isso, porém, depende do andamento das investigações.

As nove construtoras que hoje estão na berlinda são as maiores do País, responsáveis por boa parte dos R$ 221,7 bilhões que o setor da construção civil faturou em 2013.

Elas estão em todos os grandes projetos do governo e na maior obra em infraestrutura do País, a refinaria Abreu e Lima, orçada em R$ 37,4 bilhões e centro da operação Lava Jato.

Seja como prestadoras de serviços ou sócias de consórcios, elas também atuam diretamente em projetos estruturais, como a construção da hidrelétrica Belo Monte, no Pará, uma obra de R$ 30 bilhões.

Também estão presentes em obras emblemáticas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como a transposição do São Francisco, o Rodoanel de São Paulo e a ferrovia Norte-Sul, além das usinas Jirau (RO) e Santo Antônio (RO).

Além de serem tocadas por grandes empreiteiras, todas essas obras têm em comum o fato de dependerem de financiamento do BNDES.

Questionado sobre isso, o banco disse que "está acompanhando os acontecimentos relacionados à investigação da Polícia Federal e, se necessário, vai se pronunciar sobre o caso no momento oportuno". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

São Paulo - Nove empreiteiras foram alvo da Polícia Federal nesta sexta-feira. A sétima fase da Operação Lava Jato , que investigadesvio de 10 bilhões de reais da Petrobras , fez busca e apreensão nas empresas. Alguns executivos foram presos, para prestar depoimento sobre possível ligação com o esquema de corrupção . Veja nas fotos quais empresas estão sendo investigadas e o que dizem sobre a operação.
  • 2. Odebrecht

    2 /10(Paulo Fridman/Bloomberg)

  • Veja também

    A empresa divulgou nota em que afirma que a Polícia Federal esteve em seu escritório no Rio de Janeiro nesta sexta-feira, para cumprir mandado de busca e apreensão de documentos, expedido no âmbito das investigações sobre supostos crimes cometidos por ex-diretor da Petrobras.“A equipe foi recebida na empresa e obteve todo o auxílio para acessar qualquer documento ou informação buscada”, diz a nota da empresa.A Odebrecht afirma ainda que “está inteiramente à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos sempre que necessário”.
  • 3. UTC Engenharia

    3 /10(Divulgação)

  • A empresa afirmou que “colabora desde o início das investigações e continuará à disposição das autoridades para prestar as informações necessárias”.
  • 4. OAS

    4 /10(Divulgação/PAC)

    A OAS afirmou que “foram prestados todos os esclarecimentos solicitados e dado acesso às informações e documentos requeridos pela Polícia Federal, em visita à sua sede em São Paulo”. A empresa diz ainda que “está à inteira disposição das autoridades e vai continuar colaborando no que for necessário para as investigações”.
  • 5. Engevix

    5 /10(Divulgação/ Engevix)

    Contatada por EXAME.com, a empresa afirmou apenas que “por meio dos seus advogados e executivos, prestará todos os esclarecimentos que forem solicitados”.
  • 6. Galvão Engenharia

    6 /10(Divulgação/ Galvão Engenharia)

    Em nota, a Galvão Engenharia afirmou que "tem colaborado com todas as investigações referentes à Operação Lava Jato e está permanentemente à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos necessários".
  • 7. Queiroz Galvão

    7 /10(Divulgação)

    A empresa se manifestou através de nota:"A Queiroz Galvão reitera que todas as suas atividades e contratos seguem rigorosamente a legislação em vigor e está à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos necessários."
  • 8. Camargo Corrêa

    8 /10(Divulgação)

    Em nota, a Camargo Corrêa disse que sempre esteve à disposição das autoridades. Veja a nota:“A Construtora Camargo Corrêa repudia as ações coercitivas, pois a empresa e seus executivos desde o início se colocaram à disposição das autoridades e vêm colaborando com os esclarecimentos dos fatos.”
  • 9. Mendes Junior

    9 /10(Divulgação)

    "O vice-presidente da Mendes Júnior, Sérgio Cunha Mendes, estava em viagem com a família na manhã desta sexta-feira (14/11). Assim que soube do mandado de prisão, tomou providências para se apresentar ainda hoje à Polícia Federal em Curitiba (PR). A Mendes Júnior está colaborando com as investigações, contribuindo para o acesso às informações solicitadas."
  • 10. Iesa

    10 /10(Divulgação IESA)

    EXAME.com não conseguiu contato com nenhum porta-voz da empresa até a publicação da reportagem.
  • Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasConstrutorasCorrupçãoEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEscândalosEstatais brasileirasFraudesGás e combustíveisIndústria do petróleoOperação Lava JatoPetrobrasPetróleo

    Mais lidas

    exame no whatsapp

    Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

    Inscreva-se

    Mais de Brasil

    Mais na Exame