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Onyx Lorenzoni, de novo, está sob pressão

Em férias, o ministro-chefe da Casa Civil vê demissão de aliado, sua pasta perder funções e sua própria saída ser cogitada

Onyx Lorenzoni: a dúvida que paira em Brasília é se o ministro da Casa Civil aceitará permanecer no cargo nessas condições desfavoráveis (Adriano Machado/Reuters)
AJ

André Jankavski

Publicado em 31 de janeiro de 2020 às 06h29.

Última atualização em 4 de fevereiro de 2020 às 12h46.

São Paulo — A última semana foi agitada para o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni . De férias nos Estados Unidos, viagem em que aproveitou para visitar o guru e filósofo Olavo de Carvalho, o ministro viu a sua pasta passar por uma série de crises — e também observou a sua demissão ser aventada em Brasília.

Lorenzoni, que já passou por outros testes dentro do governo , nunca esteve tão fragilizado com o presidente Jair Bolsonaro. Apenas em janeiro, é o segundo ministro a sofrer com o fogo amigo do chefe do executivo, após o ministro Sergio Moro, da Justiça e Segurança Pública.

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O que levou o foco das atenções para Lorenzoni, mesmo longe de Brasília, foi a saída do secretário-executivo da Casa Civil, Vicente Santini, número dois do Ministério.

Após ter participado do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, e ter sido elogiado pelo chefe Lorenzoni nas redes sociais, Santini achou que seria uma boa ideia tomar um avião da Força Aérea Brasileira para se juntar à comitiva presidencial na Índia.

Não foi. O gasto estimado em 700.000 reais pela viagem, que fez acompanhado de duas assessoras, não foi engolido pelo presidente — e com razão. Santini foi desonerado. No entanto, um dia depois, Santini, que é amigo de Eduardo e Flávio Bolsonaro, já aparecia em outra função na própria Casa Civil.

A explicação, segundo nota do Ministério, foi: “o presidente e Vicente Santini conversaram e o presidente entendeu que Santini deve seguir colaborando com o governo”. Com a repercussão negativa de sua própria decisão, Bolsonaro voltou atrás e ainda demitiu o novo número 2, Fernando Moura, ambos indicados por Lorenzoni. Novamente, o ministro ficou na berlinda.

O poder do ministro-chefe da Casa Civil, que foi um dos principais aliados de Bolsonaro durante a eleição, foi diminuindo mês após mês.

Em junho, Lorenzoni perdeu a articulação política, que é uma das principais funções da pasta. Também viu a Subchefia de Assuntos Jurídicos ser transferida para a Secretaria-Geral. Na crise atual, perdeu o PPI, o Programa de Parceria de Investimentos, para o ministério da Economia.

Com uma pasta esvaziada pelo próprio chefe, a dúvida que paira em Brasília é se Lorenzoni aceitará permanecer no cargo nessas condições desfavoráveis.

Para se inteirar dos assuntos, antecipou o retorno dos Estados Unidos – a sua volta estava marcada só para o próximo dia 2. Ao mesmo tempo, alguns aliados começam a se movimentar para defender o ministro.

O exemplo mais notório é o do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Do mesmo partido de Lorenzoni, o parlamentar foi alçado ao posto de presidente em uma tensa disputa com o senador Renan Calheiros (MDB-AL) – e com a ajuda e a articulação do ministro.

Não por acaso, circulam informações entre congressistas e aliados do governo de que Alcolumbre partiria para a retaliação, barrando pautas do presidente da República no Senado.

Bolsonaro, cujas relações com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já não são das melhores, pode também ter uma animosidade na outra casa do Congresso Nacional. E tudo isso por causa de mais uma fritura de aliado em público.

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