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ONGs acusam banco francês BNP Paribas de financiar desmatamento no Brasil

Desde 2017, a lei francesa exige que grandes empresas tomem medidas efetivas para prevenir violações dos direitos humanos e agressões ao meio ambiente em toda a sua cadeia de abastecimento

As empresas notificadas têm três meses para cumprir as obrigações e, eventualmente, estabelecer um diálogo com as ONGs (Agence France-Presse/AFP Photo)

As empresas notificadas têm três meses para cumprir as obrigações e, eventualmente, estabelecer um diálogo com as ONGs (Agence France-Presse/AFP Photo)

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AFP

Publicado em 17 de outubro de 2022 às 17h19.

O banco francês BNP Paribas foi instado por um grupo de ONGs a suspender seu apoio financeiro a uma gigante brasileira do agronegócio, à qual acusam de contribuir com o desmatamento, o trabalho forçado e a ocupação de territórios indígenas, anunciaram as organizações nesta segunda-feira, 17. 

"A associação brasileira Comissão Pastoral da Terra e a associação francesa Notre Affaire À Tous, apoiadas pela ONG norte-americana Rainforest Action Network, enviaram uma notificação formal ao banco francês BNP Paribas por seu apoio financeiro à Marfrig, a segunda empresa de acondicionamento de carne do Brasil", destaca o comunicado.

Desde 2017, a lei francesa exige que grandes empresas tomem medidas efetivas para prevenir violações dos direitos humanos e agressões ao meio ambiente em toda a sua cadeia de abastecimento.

Segundo a norma, as empresas notificadas têm três meses para cumprir as obrigações e, eventualmente, estabelecer um diálogo com as ONGs. Estas últimas podem, então, considerar levá-las a um tribunal de Paris.

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"Os fornecedores de carne bovina da Marfrig teriam sido responsáveis pelo desmatamento ilegal de mais de 120.000 hectares na floresta amazônica e no Cerrado" entre 2009 e 2020, afirmam as ONGs, citando uma análise do Center for Climate Crime Analysis.

"A Marfrig se abasteceu direta ou indiretamente de gado de pecuaristas que criavam seus animais ilegalmente em territórios indígenas", especialmente na terra indígena Apyterewa, no estado do Pará.

"A Marfrig também se abasteceu de gado procedente de explorações agrícolas envolvidas em práticas similares à escravidão, como o trabalho forçado e a servidão por dívidas", acrescentou o comunicado.

O banco BNP Paribas rechaçou as acusações e assegurou à AFP que não financiava "clientes que produzem ou compram carne bovina e soja de áreas capinadas ou reconvertidas depois de 2008".

Na região do Cerrado, o banco assegura que desde 1º de janeiro de 2020, exige critérios "em linha com as normas mundiais".

"O BNP Paribas é o único banco internacional a adotar exigências tão precisas em termos de ausência de desmatamento e rastreabilidade", acrescentou a instituição.

"Em caso de um possível desajuste, o grupo pode decidir pôr fim a uma relação comercial", acrescentou, sem comentar as acusações contra a Marfrig, nem sua relação com a empresa brasileira.

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