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O sobe e desce dos candidatos a presidente nas últimas 7 eleições

Das intenções ao voto: como as sondagens conseguiram prever o resultado final das eleições nos últimos pleitos presidenciais

Eleitores assistem ao horário eleitoral gratuito da televisão, durante o primeiro turno das eleições (Robson Fernandjes/Fotos Públicas/Fotos Públicas)

Talita Abrantes

Publicado em 24 de abril de 2018 às 13h24.

Última atualização em 24 de abril de 2018 às 16h12.

São Paulo — Faltando seis meses para as eleições de 2018 , raros são os analistas políticos que, nesta altura dos acontecimentos, se atrevem a dar qualquer palpite sobre o resultado final da disputa para a Presidência da República.

Motivos não faltam para ter cautela.

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Com 16 pré-candidatos no páreo, o destino político do líder das pesquisas de intenção de voto em xeque e os demais presidenciáveis com melhor desempenho nas sondagens com poucos recursos para a campanha eleitoral, a disputa segue imprevisível — fato atestado pelas últimas pesquisas de intenção de voto.

Não é só o cenário conturbardo que torna o resultado de uma eleição tão imprevisível faltando poucos meses para o pleito. No Brasil, o período de campanha eleitoral ainda conta (e muito) para a definição do vencedor, além (é claro) dos fatores circunstanciais que podem mudar o padrão de voto poucos dias antes do pleito.

Dessa forma, convém lembrar que as pesquisas de intenção de voto são uma espécie de fotografia (às vezes, borrada) do sentimento do eleitorado naquele momento. Isso significa que tudo pode acontecer até o dia da votação — apesar das sondagens de hoje.

Em maio de 1994, por exemplo, o então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso (PSDB) era um ilustre desconhecido da maioria da população enquanto Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tinha ido para o segundo turno no pleito anterior,  liderava as pesquisas com ampla margem de apoios. Mas o Plano Real, lançado naquele ano, mudou o curso da disputa. FHC acabou levando a eleição no primeiro turno.

A virada do tucano em 1994 não foi uma exceção nos pleitos após a redemocratização, veja abaixo em 7 gráficos:

1989

Até abril de 1989, ano da primeira eleição presidencial por voto direto no Brasil, a disputa pelo Palácio do Planalto estava polarizada entre o então líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva e o governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola (PDT). Mas naquele mês, o quase desconhecido alagoano Fernando Collor de Mello (PRN) alcançou a dianteira da disputa com 17% das intenções de voto.

Três meses depois, ele detinha 41% dos apoios. Lula, que foi para o segundo turno com ele, amargava os 5%. Ao longo da corrida presidencial, no entanto, a diferença entre os dois se estreitou – na mesma medida que o tom dos ataques aumentou, em especial no último debate entre os dois candidatos.

Até novembro, data do primeiro turno da eleição, o líder sindical recuperou seu desempenho, foi para o segundo turno, mas acabou vencido pelo alagoano.

Gráfico mostra evolução da intenção de voto e resultado da eleição de 1989 (Rodrigo Sanches/Site Exame)

1994

Até a implantação do Plano Real, o “intelectual” Fernando Henrique Cardoso (PSDB) era visto pela elite política nacional como um forasteiro sem muita chance para voos mais altos na gestão da coisa pública federal.

A medida que colocaria um freio na hiperinflação foi lançada no final de fevereiro de 1994. Um mês depois, o tucano se desincompatibilizou do cargo de ministro da Fazenda para se lançar candidato à Presidência da República. Estreou no Datafolha em maio com apenas 16% das intenções de voto contra 42% de Lula.

Em julho, o Real foi lançado. No final do mês seguinte, FHC assumiu a liderança das pesquisas de intenção de voto. Dois meses depois, venceu o pleito no primeiro turno.

Gráfico mostra evolução da intenção de voto e resultado da eleição de 1994 (Rodrigo Sanches/Site Exame)

1998

Uma emenda constitucional enviada pelo Palácio do Planalto ao Congresso e aprovada pelas duas Casas Legislativas no ano anterior ao pleito permitiu que Fernando Henrique Cardoso tentasse a reeleição. O então presidente liderou as pesquisas de intenção de voto durante toda a corrida eleitoral. Acabou reeleito.

Gráfico mostra evolução da intenção de voto e resultado da eleição de 1998 (Rodrigo Sanches/Site Exame)

2002

Na eleição de 2002, as primeiras pesquisas de intenção de voto já sugeriram que aquele poderia, enfim, ser o ano do (persistente) Lula, vestido de uma versão mais “paz e amor”. Durante toda a campanha de primeiro turno, a disputa ficou acirrada entre José Serra (PSDB), Anthony Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS) pelo segundo lugar. Na antevéspera da eleição, o posto ainda estava indefinido. No fim, o segundo turno foi palco novamente da polarização PT-PSDB, e Lula acabou eleito.

Gráfico mostra evolução da intenção de voto e resultado da eleição de 2002 (Rodrigo Sanches/Site Exame)

2006

Durante um primeiro governo marcado pelo estouro de escândalos de corrupção, aliados de Lula chegaram a sugerir que o então presidente renunciasse ao cargo. Ele resistiu à ideia e seguiu firme na campanha pela reeleição, em uma disputa marcada pela polarização com o tucano Geraldo Alckmin, como mostram as pesquisas de intenção de voto da época. O petista acabou reeleito e deixou o governo, quatro anos depois, com a maior taxa de aprovação de um presidente.

Gráfico mostra evolução da intenção de voto e resultado da eleição de 2006 (Rodrigo Sanches/Site Exame)

2010

A corrida pelo Palácio do Planalto em 2010 começou com o tucano José Serra, que já havia sido candidato, na dianteira das pesquisas eleitorais. A ex-ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff, ainda desconhecida, estava em segundo lugar com 29% dos votos. Em agosto, Dilma já liderava as pesquisas e se manteve nesta posição até o final do primeiro turno. Acabou derrotando José Serra no segundo turno com 56,05% dos votos válidos.

Gráfico mostra evolução da intenção de voto e resultado da eleição de 2010 (Rodrigo Sanches/Site Exame)

2014

Dilma Rousseff começou sua campanha à reeleição nadando de braçada na frente. Em abril, segundo o Datafolha, a petista tinha 43% das intenções de voto — dado que fazia os mais apressados afirmarem que a corrida eleitoral seria morna com um resultado previsível.

Essas conjecturas duraram até a trágica manhã do dia 13 de agosto, quando Eduardo Campos, candidato do PSB à Presidência, morreu em um acidente de avião. E a maré mudou seu curso — mais de uma vez ao longo da campanha. No fim, Marina Silva (que chegou a empatar com Dilma um dado momento da disputa) acabou em terceiro e o segundo turno ficou para a petista e Aécio Neves.

Na véspera do último dia de votação, as pesquisas mostravam empate técnico entre ambos. Dilma saiu vitoriosa com uma estreita margem de votos.

Gráfico mostra evolução da intenção de voto e resultado da eleição de 2014 (Rodrigo Sanches/Site Exame)

 

 

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