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Bolsonaro diz que problema do Brasil é a classe política e a imprensa

Durante evento na na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, Bolsonaro criticou a imprensa e afirmou que está enfrentando interesses corporativistas

Bolsonaro: o presidente afirmou ter uma " vontade enorme de colocar o Brasil onde ele merece" (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Bolsonaro: o presidente afirmou ter uma " vontade enorme de colocar o Brasil onde ele merece" (Fernando Frazão/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de maio de 2019 às 15h11.

Última atualização em 20 de maio de 2019 às 17h38.

Rio de Janeiro — O presidente Jair Bolsonaro voltou a culpar os parlamentares e outras corporações pela dificuldade de tomar as medidas necessárias para colocar o país no "rumo certo".

Em discurso de quase meia hora na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Bolsonaro disse que o “grande problema é a classe política” e culpou também a imprensa pelos problemas do seu governo, que para ele, deveria "ser isenta".

"É um país maravilhoso, que tem tudo para dar certo, mas o grande problema é a nossa classe política. É nós, Witzel, é nós, Crivella, sou eu, Jair Bolsonaro, é o Parlamento, em grande parte, é a Assembleia Legislativa... Nós temos que mudar isso", afirmou ao lado do governador do Rio, Wilson Witzel, e do prefeito do Rio, Marcelo Crivella.

"Eu tenho enfrentado grupos corporativistas, é uma vontade enorme de colocar o Brasil onde ele merece. E grande parte desse sonho passa pelos senhores, os empreendedores", disse, referindo-se aos empresários e industriais presentes ao evento, onde ele foi homenageado com a medalha Mérito Industrial, honraria entregue também ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

"Os senhores são verdadeiros heróis, pelo que têm de enfrentar das autoridades municipais, estaduais e do executivo federal", afirmou o capitão da reserva. Ele deu como exemplo o que viu recentemente em sua viagem ao Texas, onde os impostos estaduais são zero.

"O que eu tenho que oferecer a vocês é o meu patriotismo, a humildade, e a coragem de enfrentar grupos corporativistas e uma vontade enorme de colocar o Brasil no lugar que ele merece", afirmou após receber a medalha Mérito Industrial da Firjan.

Além dos políticos estavam no evento o ministro de Minas e Energia, Bento de Albuquerque e os presidentes da Petrobras, Roberto Castello Branco, e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy, entre outras autoridades.

Bolsonaro afirmou, ainda, que o Brasil é um país que tem espaço para todos, "tem espaço para árabe, judeu, todas as origens étnicas", e que os empresários reunidos poderiam contar com ele para melhorar a situação do País, citando medidas que já foram tomadas como a chamada Medida Provisória da Liberdade Econômica, que visa facilitar as burocracias das empresas.

"Nós temos como mudar o destino do Brasil, e eu conto com os senhores, vocês podem contar comigo e meus 22 ministros. Não criaremos dificuldade para vender facilidade aos senhores", disse o presidente.

Bolsonaro reclamou que a todo momento tentam desmoralizá-lo, sem citar nomes, e que se a Câmara dos Deputados e o Senado têm proposta melhor do que do governo para a reforma da Previdência, "que apresente", conclamou.

Segundo o presidente, "não há briga entre os poderes, o que há é uma grande fofoca. "E como não conseguem nos derrubar por medidas outras ficam o tempo todo metendo uma cunha entre nós", disse Bolsonaro.

Ele pediu aos convidados do evento, dividido entre empresários e parlamentares, que o ajudassem a acelerar o processo de votação da reforma da Previdência junto às bancadas do Estado no Congresso.

Vocação para presidente

Bolsonaro repetiu, no discurso na Firjan, que já avisou que não tem vocação para presidente, mas ressaltou que "quem tem vocação está preso", referindo-se ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O presidente defendeu a aproximação que vem tendo com os Estados Unidos, criticando gestões anteriores que teriam se aproximado mais de países como Venezuela e Cuba.

"Temos uma oportunidade ímpar de mudar o futuro do Brasil", afirmou Bolsonaro convocando os empresários presentes a lutar contra o atraso.

Ele disse que nos EUA, quando se falava em preocupações em relação à Venezuela, dizia para se preocuparem com a Argentina, devido a uma possível vitória da ex-presidente Cristina Kirchner.

"Lá nos Estados Unidos, apesar de não ser muito prudente falar nisso, eu dizia: preocupem-se primeiro com a Argentina, que está voltando para as mãos da senhora Cristina Kirchner, ou vamos ter uma nova Venezuela no sul da América do Sul", disse. "Queremos nos aproximar de países que trazem vantagem para nós", completou.

Meio ambiente

O presidente criticou o Ministério Público (MP) por se meter em questões ambientais. Ele afirmou que tem um ministro do meio ambiente "comprometido com o futuro", e voltou a sugerir que a região de Angra dos Reis, onde foi multado por pesca ilegal, "vire a nossa Cancún".

"A questão ambiental virou um óbice para o Brasil, tudo o MP se mete, algumas vezes com razão e outras vezes não, inviabiliza a obra", declarou, citando também o linhão de transmissão de energia em Roraima, que enfrenta dificuldades com a Funai para ser erguida.

"Nós sabemos que os interesses são outros, mas vamos resolver essa questão", afirmou.

Ainda sobre Angra dos Reis, Bolsonaro negou que tenha cometido crime ambiental, "tem o meu dedo na presença no Congresso nesse dia", e lamentou que "a única recordação que eu tenho de lá Angra é uma multa", brincou Bolsonaro sobre a multa do Ibama que depois foi anulada quando assumiu a presidência da República.

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