O que Bolsonaro conseguirá, e o que não conseguirá, nos EUA
Presidente brasileiro e sua comitiva têm série de encontros que devem ser pautados mais por aliança ideológica que por avanços econômicos concretos
Da Redação
Publicado em 18 de março de 2019 às 06h25.
Última atualização em 18 de março de 2019 às 07h24.
Em sua primeira visita oficial aos Estados Unidos , o presidente Jair Bolsonaro terá uma agenda de compromissos a partir de hoje. Nesta segunda-feira (18), ele vai participar de debates sobre investimentos na Câmara de Comércio e de uma audiência com Henry Paulson, ex-secretário do Tesouro americano.
Na terça-feira (19), na parte da manhã, o presidente se reunirá com Luis Almagro, secretário geral da Organização dos Estados Americanos, na Blair House, onde Bolsonaro e sua comitiva estão hospedados. São eles: o chanceler Ernesto Araújo (Ministério das Relações Exteriores), o general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e os ministros Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública), Paulo Guedes (Economia), Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e Ricardo Salles (Meio Ambiente).
Em seguida, seguem para a Casa Branca, onde o presidente será recebido pelo presidente Donald Trump . Os dois terão uma reunião a portas fechadas, no Salão Oval, apenas com a presença de tradutores. Entre as pautas que devem ser abordadas estão as salvaguardas tecnológicas para a exploração da base de Alcântara, no Maranhão. De acordo com a Folha de S.Paulo, o acerto é fundamental para que a Aeronáutica possa explorar comercialmente o centro de lançamentos, colocando o Brasil num mercado internacional milionário.
Além de Alcântara, Brasil e Estados Unidos devem celebrar a reativação da comissão de um acordo de comércio e cooperação entre os dois países, o lançamento de um fórum de executivos, a constituição de um fundo para financiar pequenas empresas que atuem na área de sustentabilidade na Amazônia e a criação de um fórum na área de energia.
No entanto, o governo brasileiro deve voltar com suas principais pautas comerciais na bagagem. Segundo o jornal, autoridades americanas já avisaram que dificilmente Washington realizará um endosso enfático às ambições brasileiras de ingressar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A entrada na OCDE é um pleito brasileiro desde 2017. Além desse pleito, ao menos outros dois acordos que poderiam melhorar o ambiente comercial entre os dois países não serão assinados na terça-feira.
O primeiro deles é o acordo de reconhecimento mútuo de operadores econômicos autorizados, que facilita os trâmites de exportação e importação para um grupo pré-selecionado de empresas. Outro é o Global Entry, que agiliza a entrada em território americano de viajantes frequentes.
Há a expectativa também da liberação da entrada de carne brasileira in natura no EUA, vetada há dois anos. Ainda assim, o Brasil liberará os turistas americanos da necessidade de visto, mesmo sem contrapartida.