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O gargalo do transporte prejudica o agronegócio

Santa Catarina abriga grandes agroindústrias, mas não produz milho suficiente para alimentar suas aves e suínos. A alternativa é comprar milho do Mato Grosso, mas os custos dos fretes rodoviários reduzem a competitividade dos catarinenses

Colheita de milho: o frete de Mato Grosso a Santa Catarina é muito caro (Divulgação/New Holland)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2011 às 07h12.

Chapecó - As deficiências na infraestrutura de transporte são um dos principais gargalos do agronegócio. Tome-se o caso da agroindústria de Santa Catarina, estado que não produz milho em quantidade suficiente para alimentar as aves e os suínos criados por produtores rurais em parceria com a indústria.

Somente a Aurora, de Chapecó, uma das grandes do setor, com faturamento de 3,1 bilhões de reais em 2010, consome todos os meses 55 000 toneladas de milho para produzir ração. Desse total, 80% vêm de outros estados, especialmente do Centro-Oeste, e do Paraguai.

“Devido ao aumento de consumo em todo o país, a matéria-prima vem cada vez de mais longe”, diz Mário Lanznaster, presidente da Aurora. “Isso está motivando investimentos da agroindústria em outras regiões.”

Caso da Sadia e Perdigão, hoje unidas na Brasil Foods, que optaram pela expansão na região Centro-Oeste. A Aurora, por ser uma cooperativa controlada pelos produtores locais, está mais comprometida com a região, e sofre com a queda de competitividade.

Exclusivamente rodoviário, o frete de Mato Grosso a Chapecó sai por volta de 150 reais a tonelada. Isso significa que uma saca de milho que custa 10 reais em Mato Grosso chega a Chapecó a 22 reais.


Considerando-se que 70% do custo de produção de um frango é nutrição, e que 70% da nutrição é milho, tem-se aí uma ineficiência e tanto para a indústria. Segundo Lanznaster, se o transporte fosse ferroviário, sairia por menos da metade do preço.

O problema não se restringe à chegada de matérias-primas. Tanto para a circulação de insumos, que movimenta mais de 600 000 caminhões por mês, segundo estudo da Associação Comercial e Industrial de Chapecó, quanto para o escoamento de 500 000 toneladas de produtos industriais para os portos e mercado interno, a região depende unicamente da BR-282, uma rodovia de pista simples que corta o estado no sentido leste-oeste.

A solução, de acordo com lideranças locais, estaria no investimento em ferrovias. Tanto em um ramal que ligasse a região com o Centro Oeste quanto na ambicionada “Ferrovia do Frango”, uma estrada de ferro ligando o oeste do estado ao litoral, tornando mais competitivas as exportações. Essa solução está na pauta de reivindicações regionais há mais de 20 anos.

Em 2010, a Ferrovia do Frango foi incluída no conjunto de obras do PAC, mas não há sinais concretos de que vá sair do papel tão cedo. Enquanto isso, na falta de trens interligando o território nacional, companhias como a Aurora chegam a avaliar alternativas logísticas heterodoxas, como utilizar aviões para o transporte de frangos até a região Nordeste. Por incrível que pareça, até isso poderá se revelar mais vantajoso do que o dominante e problemático modal rodoviário.

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Chapecó - As deficiências na infraestrutura de transporte são um dos principais gargalos do agronegócio. Tome-se o caso da agroindústria de Santa Catarina, estado que não produz milho em quantidade suficiente para alimentar as aves e os suínos criados por produtores rurais em parceria com a indústria.

Somente a Aurora, de Chapecó, uma das grandes do setor, com faturamento de 3,1 bilhões de reais em 2010, consome todos os meses 55 000 toneladas de milho para produzir ração. Desse total, 80% vêm de outros estados, especialmente do Centro-Oeste, e do Paraguai.

“Devido ao aumento de consumo em todo o país, a matéria-prima vem cada vez de mais longe”, diz Mário Lanznaster, presidente da Aurora. “Isso está motivando investimentos da agroindústria em outras regiões.”

Caso da Sadia e Perdigão, hoje unidas na Brasil Foods, que optaram pela expansão na região Centro-Oeste. A Aurora, por ser uma cooperativa controlada pelos produtores locais, está mais comprometida com a região, e sofre com a queda de competitividade.

Exclusivamente rodoviário, o frete de Mato Grosso a Chapecó sai por volta de 150 reais a tonelada. Isso significa que uma saca de milho que custa 10 reais em Mato Grosso chega a Chapecó a 22 reais.


Considerando-se que 70% do custo de produção de um frango é nutrição, e que 70% da nutrição é milho, tem-se aí uma ineficiência e tanto para a indústria. Segundo Lanznaster, se o transporte fosse ferroviário, sairia por menos da metade do preço.

O problema não se restringe à chegada de matérias-primas. Tanto para a circulação de insumos, que movimenta mais de 600 000 caminhões por mês, segundo estudo da Associação Comercial e Industrial de Chapecó, quanto para o escoamento de 500 000 toneladas de produtos industriais para os portos e mercado interno, a região depende unicamente da BR-282, uma rodovia de pista simples que corta o estado no sentido leste-oeste.

A solução, de acordo com lideranças locais, estaria no investimento em ferrovias. Tanto em um ramal que ligasse a região com o Centro Oeste quanto na ambicionada “Ferrovia do Frango”, uma estrada de ferro ligando o oeste do estado ao litoral, tornando mais competitivas as exportações. Essa solução está na pauta de reivindicações regionais há mais de 20 anos.

Em 2010, a Ferrovia do Frango foi incluída no conjunto de obras do PAC, mas não há sinais concretos de que vá sair do papel tão cedo. Enquanto isso, na falta de trens interligando o território nacional, companhias como a Aurora chegam a avaliar alternativas logísticas heterodoxas, como utilizar aviões para o transporte de frangos até a região Nordeste. Por incrível que pareça, até isso poderá se revelar mais vantajoso do que o dominante e problemático modal rodoviário.

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