Brasil

O Congresso responde à Lava-Jato

Esta quarta-feira foi um dia de morde e assopra no Congresso. Duas pautas com respostas concretas — e contraditórias — à Operação Lava-Jato conquistaram vitórias importantes. Por volta das 18h30, o Plenário do Senado aprovou, por 54 votos a 19, o projeto que tipifica os crimes de abuso de autoridade. O texto havia sido aprovado […]

SENADORES EDISON LOBÃO E RENAN CALHEIROS, NESTA QUARTA-FEIRA: projeto de abuso de autoridade, mesmo contra a vontade deles, foi modificado no Senado  / Marcelo Camargo/ Agência Brasil

SENADORES EDISON LOBÃO E RENAN CALHEIROS, NESTA QUARTA-FEIRA: projeto de abuso de autoridade, mesmo contra a vontade deles, foi modificado no Senado / Marcelo Camargo/ Agência Brasil

DR

Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2017 às 18h48.

Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h22.

Esta quarta-feira foi um dia de morde e assopra no Congresso. Duas pautas com respostas concretas — e contraditórias — à Operação Lava-Jato conquistaram vitórias importantes.

Por volta das 18h30, o Plenário do Senado aprovou, por 54 votos a 19, o projeto que tipifica os crimes de abuso de autoridade. O texto havia sido aprovado no início da tarde na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. A aprovação ocorreu após o relator do projeto, Roberto Requião (PMDB-PR), voltar atrás em um dos pontos mais polêmicos, a possibilidade de punir juízes, procuradores e delegados por divergências na interpretação das leis. O projeto era tido pelo Ministério Público Federal e por vozes como a do juiz Sergio Moro como uma tentativa dos políticos de enquadrar a Lava-Jato.

Ainda nesta quarta, numa votação-relâmpago, a CCJ aprovou também, por volta das 14 horas, a proposta de emenda à Constituição (PEC) 10/2013, que acaba com o foro privilegiado. O texto, relatado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), determina o fim do foro por prerrogativa de função para 55.000 autoridades brasileiras que cometerem crimes comuns.

As exceções são os presidentes da República, da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal, que continuam blindados. O foro também será mantido para as outras autoridades em caso de crime de responsabilidade (como improbidade administrativa) cometido durante o exercício do cargo. A matéria ainda tem um longo caminho pela frente. Precisa passar por dois turnos de votação no plenário do Senado para depois seguir para a Câmara dos Deputados.

A agilidade com que o Senado se debruçou sobre o tema tem uma explicação: adiantar-se ao Supremo, que vai analisar o foro especial em maio. “Não vamos permitir que o judiciário faça a lei”, afirmaram senadores durante a sessão da CCJ, segundos antes de o texto ser aprovado.

A tramitação de duas pautas de natureza tão diferente reflete a hiperatividade dos mais diversos grupos no Congresso com o avanço das investigações por corrupção. “Está em curso uma competição para ver que resposta os parlamentares darão sobre a Lava-Jato à sociedade brasileira”, diz o cientista político Sérgio Praça, professor na FGV e colunista de EXAME Hoje. É uma queda de braço entre o país que acoberta e o país que queremos ser.

Acompanhe tudo sobre:Às SeteExame Hoje

Mais de Brasil

CCJ da Câmara aprova projeto que dá autonomia para estados aumentarem penas de crimes

Quanto custa uma multa por jogar bituca de cigarro da janela do carro?

MDB declara apoio à candidatura de Davi Alcolumbre à presidência do Senado

Sites como Shein e AliExpress preveem impostos de 60% com nova taxação; entenda