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O acidente de Roraima

Menos de 24 horas depois de o presidente Michel Temer chamar o assassinato de 56 presos em Manaus de “acidente”, pelo menos 33 detentos foram mortos numa nova chacina, desta vez na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Roraima. Assim como aconteceu em Manaus, corpos foram decapitados e desmembrados, em cenas horripilantes. As vítimas eram […]

PARENTES DAS VÍTIMAS EM RORAIMA: governo está tratando o caso como acerto de contas interno / JPavani/ Reuters
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Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2017 às 17h52.

Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h33.

Menos de 24 horas depois de o presidente Michel Temer chamar o assassinato de 56 presos em Manaus de “acidente”, pelo menos 33 detentos foram mortos numa nova chacina, desta vez na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Roraima. Assim como aconteceu em Manaus, corpos foram decapitados e desmembrados, em cenas horripilantes. As vítimas eram ligadas à facção criminosa Comando Vermelho, aliada da Família do Norte, responsável pelas mortes em Manaus. Os autores são membros do Primeiro Comando da Capital, facção-alvo dos ataques no Amazonas. Uma foto tirada dentro do presídio em Roraima mostrava uma inscrição feita no chão: “Sangue se paga com sangue”.

Mas, para o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, trata-se de um acerto de contas interno do presídio. “Foi uma barbaridade contra presos comuns e não entendemos o motivo”, afirmou o secretário de Justiça de Roraima, Uziel Castro. Ou seja: o governo continua a todo custo negando que as facções que dominam os presídios brasileiros estão em pé de guerra. Em outubro, a mesma penitenciária de Roraima foi palco de uma rebelião provocada pela rivalidade entre CV e PCC que deixou dez mortos. O presídio foi construído apenas para receber detentos de regime semiaberto.

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Depois de ser bastante criticado por ter se mantido em silêncio por três dias sobre Manaus, Temer emitiu uma nota nesta sexta-feira lamentando a nova chacina. Ele se reuniu com Moraes no início da tarde e, juntos, ligaram para Suely Campos. Ela teria dito que a situação estava “sob controle”, o que fez Moraes cancelar uma viagem prevista ao estado.

Em novembro, a governadora havia pedido ajuda do governo federal para controlar brigas entre as facções, mas Moraes afirmou, em ofício, que “infelizmente, por ora, não poderemos atender ao seu pleito”. Em entrevista coletiva pela manhã, o ministro disse que o pedido de ajuda era para a crise de refugiados venezuelanos na fronteira. Além disso, numa longa explanação de 2 horas, Moraes apresentou o Plano Nacional de Segurança, em que detalhou a resposta do governo à crise do sistema penitenciário. A meta é diminuir em 15% a superlotação do sistema até 2018. Sem reconhecer o problema, e sem admitir os próprios erros, fica muito difícil sequer começar a dirimir o caos.

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