Brasil

"Nunca pedi propina", afirma presidente da Eletronuclear

Presidente licenciado da Eletronuclear negou à PF ter recebido propinas no contrato de construção de parte das obras da usina de Angra 3


	Obras de Angra 3: diante das acusações de propina, presidente da Eletronuclear afirmou estar "profundamente consternado"
 (INFO)

Obras de Angra 3: diante das acusações de propina, presidente da Eletronuclear afirmou estar "profundamente consternado" (INFO)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de julho de 2015 às 19h00.

São Paulo - Preso desde terça-feira, 28, quando foi deflagrada a 16ª fase da Operação Lava Jato, o presidente licenciado da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, negou à Polícia Federal ter recebido propinas para facilitar o acesso privilegiado a construtoras no contrato de construção de parte das obras da usina de Angra 3.

Ao determinar a prisão temporária do almirante, o juiz federal Sérgio Moro levou em consideração as acusações da força-tarefa da Lava Jato, que afirma ter mapeado R$ 4,5 milhões em propinas recebidas pelo almirante reformado.

Os investigadores suspeitam que o presidente licenciado da estatal pode ter recebido até R$ 30 milhões de empreiteiras que integram o Consórcio Angramon.

Os recursos teriam transitado por empresas de fachada até aportar no caixa da Aratec Engenharia e Consultoria, fundada pelo almirante, hoje sob controle de uma filha dele.

No depoimento prestado nesta quinta-feira, 30, Othon Pinheiro afirmou que "nunca recebeu nenhuma orientação de alguém da Eletrobrás, do Governo Federal ou dos partidos políticos para que cobrasse das empresas que compunham o consórcio Angramon alguma doação a políticos ou partidos".

Pinheiro declarou ainda que "nunca solicitou ou exigiu qualquer vantagem econômica para si ou sua família".

Diante das acusações de que teria recebido propina, o presidente da Eletronuclear afirmou estar "profundamente consternado, pois nunca agiria dessa forma".

Ele argumentou que tem 'uma atuação profissional reconhecida e de longa data'. Othon Pinheiro é referência no meio acadêmico brasileiro em energia nuclear.

Ele afirmou que resistiu e não cedeu a 'grandes pressões' quando a construtora Andrade Gutierrez resolveu paralisar as obras de Angra 3. Se houvesse algum conluio, exemplificou, 'não teria os embates que teve em todo esse processo'.

O almirante argumentou ainda que possui conhecimentos que lhe permitiriam ganhar "muito mais do que os valores que o acusam ter recebido".

Othon Pinheiro defendeu, do ponto de vista econômico, a metodologia usada no modelo de construção de Angra 3.

Segundo ele, "o que se pagou em Angra 2 daria para construir duas usinas de Angra 3 e ainda sobraria R$ 5 bilhões, segundo dados da Aneel, referidos a dezembro de 2012?.

Ele afirmou que desde antes de 2005 já prestava consultoria por meio de sua empresa, a Aratec Engenharia, e que, ao entrar para a Eletronuclear deixou a empresa para a filha, Ana Cristina, que tinha interesse em abrir uma companhia na área de traduções.

Sobre os pagamentos à Aratec listados pelo Ministério Público, ele afirmou que "são relacionados a trabalhos prestados por sua filha na área de traduções, ou de engenharia por parte de seu genro".

O almirante disse que seu afastamento da estatal, em abril, 'foi motivado pelo interesse de não prejudicar a Eletronuclear', a partir da citação seu nome na delação premiada do ex-presidente da Camargo Corrêa, Dalton dos Santos Avancini.

Acompanhe tudo sobre:EletronuclearEmpresasEmpresas estataisEstatais brasileirasJustiçaOperação Lava JatoPolícia Federal

Mais de Brasil

STF diz que foi afetado por apagão global, mas que principais serviços já foram restabelecidos

Governo diz que 'apagão cibernético' não afetou sistema Gov.br e outros sistemas

Entenda por que terremoto no Chile foi sentido em São Paulo

Mais na Exame