Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 27 de março de 2024 às 11h04.
Última atualização em 27 de março de 2024 às 11h10.
O número de óbitos registrados no Brasil caiu 15,8% em 2022 na comparação com 2021, na primeira queda desde 2010 e após o aumento causado pela pandemia de covid-19. Os dados são das Estatísticas do Registro Civil de 2022, divulgados nesta quarta-feira, 27, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar da queda, o número absoluto de mortes anual segue acima do pré-pandemia com 1.504.763 falecimentos registrados em 2022. No ano anterior foram 1.786.347, diferença de 281.584 óbitos, o auge da série histórica, iniciada em 1974.
“Esse resultado acompanha o recuo das mortes ocasionadas pela Covid-19, com a ampliação do número de pessoas que completaram o esquema vacinal”, justifica gerente da pesquisa do IBGE, Klívia Brayner, em nota.
A maioria das mortes no país foram por causas naturais, cerca de 90,7%, mas o IBGE atenta para a possibilidade de subnotificação de óbitos por causas consideradas externas — como violência urbana ou acidentes. O levantamento destaca houve dificuldade para obter informações especificas no Rio de Janeiro e na Bahia.
No geral, a pesquisa mostra que a maioria das mortes no Brasil são de homens, uma proporção de 121 óbitos masculinos para 100 femininos. Porém, no recorte a partir dos 80 anos, as mulheres morrem mais (100 óbitos para cada 63 masculinos).
No recorte por faixa etária, chama a atenção o fato de que, para a população com menos de 15 anos de idade, houve aumento do número de óbitos de 2021 para 2022. No total, foram registrados mais de 40 mil óbitos para pessoas de 0 a 14 anos, 7,8% a mais do que em 2021, quando o número foi de 37 mil. O maior aumento se deu entre as crianças de 1 a 4 anos: ocorreram 6 mil óbitos, 27,7% a mais do que em 2021
Brayner afirma que o resultado da pesquisa é compatível ao que foi encontrado no Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde (SIM/MS), que também mostra um aumento do número de óbitos entre crianças e adolescentes de 0 a 14 anos.
“Segundo as informações desse sistema, os óbitos cujas causas foram doenças respiratórias como gripe, pneumonia, bronquiolite, asma e outras corresponderam a mais de 60% da diferença do total no número de óbitos nessa faixa etária entre 2021 e 2022. Considerando que a vacinação de crianças e adolescentes brasileiros se deu mais tarde do que a vacinação dos adultos, e que, portanto, eles demoraram mais a completar o esquema vacinal, é possível que a COVID-19 tenha contribuído fortemente para esse quadro”, justifica a pesquisadora.
Em todas as demais faixas etárias a partir de 15 anos ou mais, houve redução do número de óbitos, com destaque para as faixas etárias de 40 a 49 anos e de 50 a 59 anos, que apresentaram a maior redução entre 2021 e 2022: queda de 30,1% e 30,5%, respectivamente.