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Número de haitianos em escolas cresce 13 vezes em SP

Embora a maioria destes estudantes fale apenas o francês quando chega, a maior dificuldade de adaptação é se enturmar


	A saída pedagógica escolhida pelas professoras para resolver a timidez foi promover trabalhos em grupo, que estimulem a cooperação
 (Marcos Santos/USP Imagens)

A saída pedagógica escolhida pelas professoras para resolver a timidez foi promover trabalhos em grupo, que estimulem a cooperação (Marcos Santos/USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2015 às 13h16.

São Paulo - A chegada dos haitianos em São Paulo, muitos em busca de emprego, já tem apresentado reflexos nas escolas da rede pública. De 2013 para cá, o número de estudantes haitianos na rede estadual cresceu 13 vezes. Hoje são 127 alunos - em 2013, eram apenas 9. A rede municipal também está recebendo mais estudantes da República do Haiti: no ano passado havia 29 alunos e, neste ano, 64.

Embora a maioria destes estudantes fale apenas o francês quando chega, a maior dificuldade de adaptação, segundo professoras ouvidos pela reportagem, é a mesma de uma criança que mudou de escola pela primeira vez: fazer novos amigos e se enturmar.

Aluna do 2ª ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Presidente Roosevelt, a haitiana Alexandre Gerome, de 7 anos, só fala em sala de aula se for "no ouvido da tia". "Ela ainda tem um pouco de dificuldade com as palavras, mas na escrita já está boa", contou a professora Juciara Leite.

Quando tentou colocar a aluna entre outros estudantes, a menina chorou. "Ela ficava muito envergonhada, só queria se sentar no canto". Alexandra veio há dois anos para o Brasil e mora com os pais em uma pensão, com outras famílias de estrangeiros.

A saída pedagógica escolhida pelas professoras para resolver a timidez foi promover trabalhos em grupo, que estimulem a cooperação. O irmão de Alexandra, Harolson, de 10 anos, aproveitou o bom desempenho em Matemática para atrair os colegas. "Ele é muito esforçado, ajuda os outros e acaba criando amizade", contou a professora Patrícia Tiemi.

A interação entre os irmãos também foi uma alternativa para se ajudar no período de adaptação. "Brincamos em casa de imitar o professor. Um ensina para o outro", contou Harolson, que quer ser engenheiro, mas no Haiti. "Meu pai disse que vamos voltar para lá".

A maioria dos pais destes alunos em São Paulo trabalha na construção civil ou no comércio, e fica pouco tempo com os filhos. "Só vejo meu pai na hora de dormir", disse Harolson. A diretora do Presidente Roosevelt, Plantina de Melo afirma, no entanto, que há preocupação com os alunos e até frequência nas reuniões de pais. "Eles são muito enérgicos. Querem saber de tudo que está acontecendo".

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