Símbolo da luta contra a Aids: convivência com a doença tem se tornado cada vez menos incômoda com a disponibilização de tratamentos com antirretrovirais (Reprodução/Getty Images)
Agência Brasil
Publicado em 27 de novembro de 2018 às 14h57.
Última atualização em 27 de novembro de 2018 às 17h48.
"Indetectáveis". Foi com esse grito, de mãos dadas, que pessoas que vivem com HIV deram início à cerimônia que marca os 30 anos de luta contra a Aids.
Elas comemoram o fato de terem sua carga viral em níveis sequer detectados em testes laboratoriais em razão da adesão ao tratamento com antirretrovirais.
Dados do Ministério da Saúde divulgados nesta terça-feira, 27, mostram uma redução de 16% dos casos e óbitos por Aids no país nos últimos quatro anos.
Segundo a pasta, fatores como a garantia do tratamento para todos, a melhora do diagnóstico, a ampliação do acesso à testagem e a redução do tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento contribuíram para a queda.
Os números revelam que, de 1980 a junho de 2018, foram identificados 926.742 casos de Aids no Brasil - um registro anual de 40 mil novos casos.
Em 2012, a taxa de detecção da doença era de 21,7 casos para cada 100 mil habitantes enquanto, em 2017, o índice era de 18,3 casos. No mesmo período, a taxa de mortalidade por Aids passou de 5,7 óbitos para cada 100 habitantes para 4,8 óbitos.
O boletim também aponta redução significativa da transmissão vertical do HIV - quando o bebê é infectado durante a gestação - entre 2007 e 2017. A taxa caiu 43%, passando de 3,5 casos para cada 100 mil habitantes para 2 casos.
Os dados mostram ainda que 73% das novas infecções por HIV no Brasil acontecem entre pessoas do sexo masculino, sendo que 70% dos casos é registrado entre homens que estão na faixa etária de 15 a 39 anos.
O ministério anunciou que, a partir de janeiro de 2019, a rede pública de saúde passa a oferecer o autoteste de HIV para populações-chave e pessoas em uso de medicamento de pré-exposição ao HIV.
A previsão é que sejam distribuídas, ao todo, 400 mil unidades do teste, inicialmente nas cidades de São Paulo, Santos, Piracicaba, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, São Bernardo do Campo, Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte e Manaus.
Ainda de acordo com o boletim epidemiológico, desde 2013, quando os antirretrovirais passaram a ser distribuídos a todos os pacientes soropositivos, independentemente da carga viral, até setembro deste ano, 585 mil pessoas com HIV estavam em tratamento no Brasil.
A maioria - 87% - faz uso do dolutegravir, que aumenta em 42% a chance de supressão viral (diminuição da carga de HIV no sangue) em relação ao tratamento anterior. A resposta, neste caso, também é mais rápida: no terceiro mês, mais de 87% dos usuários já apresentam supressão viral.
Diagnosticada como soropositiva há um ano e meio, a estudante Blenda Silva, 25 anos, conta que é possível seguir normalmente com a vida desde que haja adesão ao tratamento.
Sobre os 30 anos de combate ao HIV, celebrados no próximo sábado (1º), Dia Mundial de Luta contra a Aids, ela lembra que muitos perderam a vida ao longo das últimas décadas por causa da doença.
"O número de infectados ainda é muito alto. Nossa mensagem, hoje, é que ainda precisa de prevenção", disse, ao se referir aos mais de 37 milhões de pessoas que vivem com HIV em todo o mundo.
"É uma luta que não precisa ser só de quem é soropositivo, mas de toda a sociedade brasileira", concluiu.