A proposta da passagem subterrânea retomada pela gestão Ricardo Nunes (MDB) envolve a implementação de faixas em cada sentido (LEVI BIANCO - BRAZIL PHOTO PRESS/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 7 de julho de 2023 às 19h26.
Última atualização em 7 de julho de 2023 às 19h46.
A prefeitura de São Paulo retomou o desenvolvimento do projeto de um novo túnel sob a Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, nas imediações do Parque do Ibirapuera, na zona sul. A proposta — colocada em consulta pública até este sábado, 8 — envolve uma obra parada há mais de 30 anos e que foi suspensa e anunciada por diversas gestões municipais nas décadas seguintes. A estimativa é que a passagem subterrânea tenha 2,85 mil metros de extensão.
A proposta da passagem subterrânea retomada pela gestão Ricardo Nunes (MDB) envolve a implementação de faixas em cada sentido. O objetivo é atrair o tráfego expresso para a Avenida 23 de Maio e o novo túnel, desafogando o trânsito local e de outras avenidas das regiões central, oeste e sudeste.
O projeto é chamado de “Boulevard JK”. A proposta faz parte da Operação Urbana Faria Lima, que promove a transformação urbana daquela região e arrecada recursos para serem reinvestidos localmente por meio da verticalização.
A obra em discussão inclui ainda a implementação de uma ciclovia, o enterramento da fiação elétrica e de telecomunicações, mudanças nas redes de drenagem, a renovação do mobiliário urbano a arborização e o alargamento das calçadas, dentre outras intervenções.
O objetivo é “melhorar as condições urbanísticas locais, garantindo dinamismo viário, com foco na segurança e no bem-estar do pedestre”, segundo descrição da SP Urbanismo, responsável pelos projetos urbanos da prefeitura.
A consulta pública é voltada para fazer ajustes na proposta antes da contratação de uma empresa especializada em engenharia, arquitetura e meio ambiente para a elaboração de estudos ambientais e do projeto final. Só essa etapa tem o valor estimado de R$ 29,9 milhões.
Será ainda necessária a contratação da execução da obra, cujos cronograma e custo ainda não estão definidos. A participação na consulta é virtual, com o envio de sugestões por e-mail (presidencia@spurbanismo.sp.gov.br).
A prefeitura espera que a obra ajude a desafogar o trânsito das Avenidas Nove de Julho, Cidade Jardim, Eusébio Matoso, Rebouças, Consolação e Brigadeiro Luís Antônio. Com a obra, o túnel se tornaria mais uma via expressa, conectada à Avenida 23 de Maio, que absorveria o fluxo dessas outras vias. A efetividade, a necessidade da construção e o custo milionário do túnel dividem opiniões no meio.
A expectativa da prefeitura é de que a obra minimize “os transtornos de superfície”, direcionando a maior parte do fluxo para o túnel e, assim, propiciar a “humanização” do entorno da Avenida JK, que receberia trânsito mais local. O Município espera que isso ajude a estimular maior fluxo de pedestres e ciclistas e uma mudança no uso do entorno — hoje de hotéis, centros empresariais, restaurantes etc. —, a fim de atrair mais moradores.
Junto ao alargamento e arborização dos calçadas, por exemplo, o projeto envolve instalar semáforos para pedestres, radares e outros redutores de velocidade no entorno. Além disso, está prevista uma revisão no desenho e na circulação das vias do entorno, o que pode resultar no alargamento ou estreitamento de uma parte das ruas e outras alterações.
A primeira versão do projeto chegou a ser iniciada em 1988, pelo então prefeito Jânio Quadros. Na época, ele até veiculou anúncios sobre essa e outras obras, chamadas de “luz no fim do túnel”.
A obra foi suspensa na sequência e enterrada na gestão Luiza Erundina (então no PT). Segundo o "Estadão" noticiou, a decisão foi tomada pelo custo milionário da obra. Cerca de 500 metros chegaram a ser escavados.
Como a obra foi iniciada há mais de 30 anos, a empresa a ser contratada precisará fazer estudos e adaptações no projeto. Segundo a SP Urbanismo, as propostas anteriores estão obsoletas em relação aos padrões atuais de tecnologia, normas técnicas etc.
A empresa que será contratada deverá identificar o que foi executado e avaliar se as estruturas poderão ser aproveitadas na retomada da obra, “considerando a complexidade das obras e o estágio em que se encontram as estruturas executadas há mais de três décadas”. A previsão é que todos os estudos, projetos e levantamentos estejam prontos em até 18 meses após a contratação.
Na então gestão Marta Suplicy (então no PT), novamente a prefeitura voltou a discutir a construção do túnel, mas o projeto não foi adiante. Depois, a partir de 2008, na gestão Gilberto Kassab (na época, DEM), uma empresa de engenharia foi contratada para atualizar a proposta.
A obra não chegou a ser iniciada em meio a questionamentos à decisão do então prefeito de retomar o contrato com a responsável pelo início da obra, nos anos 1980, a Camargo Corrêa. Estimava-se que a obra poderia custar R$ 100 milhões em valores da época.