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Novo ministro da Justiça se diz "servo" e chama Bolsonaro de "profeta"

Sem citar o ex-juiz Sergio Moro diretamente, André Mendonça deu vários recados ao antecessor durante discurso de posse nesta quarta-feira

André Mendonça: novo ministro da Justiça não citou Sergio Moro, mas vez diversas menções ao ex-ministro (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

André Mendonça: novo ministro da Justiça não citou Sergio Moro, mas vez diversas menções ao ex-ministro (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de abril de 2020 às 16h36.

Última atualização em 29 de abril de 2020 às 16h41.

Sem citar o ex-juiz Sergio Moro diretamente, o novo ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, deu vários recados ao antecessor e fez promessas de combate ao crime no primeiro discurso após tomar posse. Mendonça também não poupou elogios ao presidente Jair Bolsonaro, a quem chamou de "profeta no combate à criminalidade".

Enquanto Moro deixou a função acusando Bolsonaro de tentar interferir politicamente no comando da Polícia Federal, Mendonça prometeu uma atuação "técnica" à frente da pasta. "Lutarei com todos os esforços no combate à criminalidade", disse. "Vamos fazer operações conjuntas. Cobre de nós, presidente, mais operações na Polícia Federal", reforçou.

Outro ponto levantado por Moro foi a intenção de Bolsonaro ter acesso a relatórios de inteligências da Polícia Federal. Uma investigação sobre as acusações feitas por Moro foi aberta no Supremo Tribunal Federal (STF).

Mendonça também fez acenos ao ministro da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira, cotado inicialmente para assumir o Ministério da Justiça no lugar de Moro. Segundo Mendonça, Oliveira é alguém que "abre mão de oportunidades para servir ao Brasil". O ministro da Secretaria-Geral foi aplaudido de pé pelos convidados.

O novo ministro da Justiça demonstrou, ainda, alinhamento com a postura de Bolsonaro contra a imposição de medidas de isolamento social nos Estados. Na gestão anterior, Moro resistiu ao pedido do presidente para que o ministro da Justiça se posicionasse contra os governadores em casos que considera que há excessos. "A crise não envolve só a saúde, mas emprego, subsistência e direito de ir e vir. Temos de ser capazes de colocar o povo em primeiro lugar", disse Mendonça.

Na cerimônia, além de ministros de Estado, estavam presentes representantes do Judiciário. Participaram o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e o ministro Gilmar Mendes.

"Eu queria assumir alguns compromissos hoje com a nação brasileira. Compromissos com o Estado de direito e os seus valores, a Constituição no seu preâmbulo institui como valores supremos a liberdade, fraternidade, a igualdade, o bem-estar, o desenvolvimento, e, acima de tudo, a Justiça. Daí a importância Ministério da Justiça e Segurança Pública, reforçado pela ética" declarou Mendonça.

"Outro compromisso, uma atuação integrada com Estados e municípios. Temos um sistema único de segurança pública. E nesse sentido é preciso compreender que a criminalidade hoje se constitui em rede, não é um sistema hierarquizado onde havia um chefe e uma cadeia de comando", disse o ministro da Justiça.

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