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Novo delator tinha crachá da Petrobras de acesso a estaleiro

Contratos do Estaleiro Rio Grande comprado, em 2010, pela Engevix Engenharia são alvos da nova etapa das investigações

Estaleiro Rio Grande (RS), alvo da nova etapa das investigações da Operação Lava Jato (WTorre/Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2015 às 21h05.

Sorocaba - O lobista Milton Pascowitch, novo delator da Operação Lava Jato , tinha crachá da Petrobras de livre acesso ao Estaleiro Rio Grande (RS), onde participava de reuniões e acompanhava as construções dos cascos das primeiras plataformas brasileiras para uso nos campos do pré-sal, na Bacia de Santos.

Os contratos do estaleiro comprado, em 2010, pela Engevix Engenharia são alvos da nova etapa das investigações, que mira a reprodução do esquema de cartel e corrupção descoberto nas obras de refinarias em outros setores como a área naval e de plataformas.

O crachá foi apreendido pela Polícia Federal em buscas realizadas em maio nos endereços de empresas de Pascowitch, em São Paulo.

O documento foi apresentado a um dos sócios da Engevix - empresa para quem o lobista é acusado de operar propina - Gerson de Mello Almada.

"No tocante ao crachá (…), onde Milton Pascowitch consta como 'Diretor Executivo' da Engevix afirma que o mesmo foi confeccionado pela Petrobras e visava permitir o ingresso de Milton nas dependências do Estaleiro Rio Grande", contou o empresário, em depoimento prestado no dia 10 de abril.

Preso em maio pela Lava Jato e acusado de ser um dos operadores de propina via contatos na Diretoria de Serviços da Petrobras , Pascowitcht foi liberado na segunda-feira, 29, para cumprir preventiva em regime domiciliar, monitorado por tornozeleiras eletrônicas.

A medida faz parte de acordo de delação premiada fechado com o Ministério Público Federal.

A colaboração de Pascowitch, proposta pela defesa do investigado, era considerada importante para descobrir se falsas consultorias serviram para ocultar propina para o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

A Jamp Engenheiros Associados, que pertence ao lobista, pagou R$ 1,4 milhão entre 2011 e 2012 para a empresa do ex-ministro JD Assessoria e Consultoria.

Pré-sal

A descoberta de documentos e a colaboração de outros alvos da Lava Jato, levaram investigadores a acreditar que, além de detalhar se houve irregularidades nos pagamentos ao ex-ministro, Pascowitch será peça-chave para aprofundar as investigações de corrupção e fraudes em contratos de estaleiros, navios, plataformas e sondas.

Um desses negócios a ser detalhado pelo lobista será a compra do Estaleiro Rio Grande, em 2010, pela Engevix e o fechamento de dois contratos bilionários para a construção de 8 cascos de plataformas (FPSOs), com a Petrobras, e três navios-sondas com a empresa Sete Brasil - criada pela estatal com investidores privados e fundos de investimento.

"(Pascowitch) acompanhava a construção dos cascos, das obras do ERG (Estaleiro Rio Grande) 2 e participava de algumas reuniões", afirmou Almada.

Preso em 14 de novembro de 2014 e desde abril em prisão domiciliar, o dono da Engevix detalhou o papel de destaque de Pascowitch no negócio do Estaleiro Rio Grande.

Almada não virou delator, como Pascowitch, mas colaborou com a Justiça ao confirmar pagamentos de "lobby" como forma de garantir contratos na estatal.

O dono da Engevix afirmou que o lobista abria portas na Petrobras, mantendo contatos com o PT e o ex-diretor de Serviços Renato Duque - cota do partido no esquema de loteamento político de cargos na petrolífera.

Elos

Investigadores da Lava Jato suspeitam que o esquema sistematizado de corrupção em obras de refinarias foi espelhado nos contratos do pré-sal.

Nele, empresas do cartel pagavam propinas que iam de 1% a 3% do valor dos contratos a agentes públicos, partidos e políticos - sob o comando de PT, PMDB e PP.

A construção dos cascos de plataformas, que era acompanhada por Pascowitch, segundo Almada, foi um dos contratos em que o lobista acertou o recebimento de US$ 120 milhões com a Engevix.

"A fim de viabilizar o negócio foram firmados contratos com a Jamp de Milton Pascowitch, no valor de aproximado de US$ 120 milhões", contou Almada.

"Parte desse valor, US$ 10 milhões foi pago mediante outro contrato com uma empresa internacional vinculada a Milton, de nome MJ2 Internacional."

Na transcrição do depoimento de Almada, a Polícia Federal registrou a cifra em reais (R$ 120 milhões). Mas, por extenso, anotou o valor em dólares (120 milhões de dólares).

O primeiro casco das plataformas tipo FPSOs (sigla em inglês para unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência de óleo) Replicantes foi entregue em dezembro do ano passado para montagem da P-66 - que está no Estaleiro BrasFels, em Angra dos Reis, e entrará em operação em 2016, no Campo de Lula (BM-S-11), Bacia de Santos.

As outras plataformas cujos cascos serão entregues pelo Estaleiro Rio Grande são: P-67, P-68, P-69, P-70 e P-71.

Defesa

O criminalista Theo Dias, que defende Pascowitch, disse que 'não pretende se manifestar'.

Nesta segunda-feira, 29, Theo Dias entregou petição ao Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4) em que desiste de habeas corpus que havia impetrado pedindo liberdade para seu cliente.

A desistência do habeas é uma das condições impostas aos que se propõem a colaborar.

A Engevix diz que está prestando os esclarecimentos necessários à Justiça (quanto aos pagamentos para Milton Pascowitch).

O ex-ministro José Dirceu afirmou que não teve qualquer envolvimento em contratos para construção de plataformas nem com o estaleiro em questão.

Os contratos da JD com a Engevix e com a JAMP tiveram o objetivo de prospectar negócios para a construtora no Peru, o que é confirmado pelos executivos da Engevix.

O ex-ministro, espontaneamente, já apresentou ampla documentação sobre seus contratos de consultoria e, por duas vezes, já se colocou à inteira disposição da Justiça do Paraná para prestar depoimento.

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Sorocaba - O lobista Milton Pascowitch, novo delator da Operação Lava Jato , tinha crachá da Petrobras de livre acesso ao Estaleiro Rio Grande (RS), onde participava de reuniões e acompanhava as construções dos cascos das primeiras plataformas brasileiras para uso nos campos do pré-sal, na Bacia de Santos.

Os contratos do estaleiro comprado, em 2010, pela Engevix Engenharia são alvos da nova etapa das investigações, que mira a reprodução do esquema de cartel e corrupção descoberto nas obras de refinarias em outros setores como a área naval e de plataformas.

O crachá foi apreendido pela Polícia Federal em buscas realizadas em maio nos endereços de empresas de Pascowitch, em São Paulo.

O documento foi apresentado a um dos sócios da Engevix - empresa para quem o lobista é acusado de operar propina - Gerson de Mello Almada.

"No tocante ao crachá (…), onde Milton Pascowitch consta como 'Diretor Executivo' da Engevix afirma que o mesmo foi confeccionado pela Petrobras e visava permitir o ingresso de Milton nas dependências do Estaleiro Rio Grande", contou o empresário, em depoimento prestado no dia 10 de abril.

Preso em maio pela Lava Jato e acusado de ser um dos operadores de propina via contatos na Diretoria de Serviços da Petrobras , Pascowitcht foi liberado na segunda-feira, 29, para cumprir preventiva em regime domiciliar, monitorado por tornozeleiras eletrônicas.

A medida faz parte de acordo de delação premiada fechado com o Ministério Público Federal.

A colaboração de Pascowitch, proposta pela defesa do investigado, era considerada importante para descobrir se falsas consultorias serviram para ocultar propina para o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

A Jamp Engenheiros Associados, que pertence ao lobista, pagou R$ 1,4 milhão entre 2011 e 2012 para a empresa do ex-ministro JD Assessoria e Consultoria.

Pré-sal

A descoberta de documentos e a colaboração de outros alvos da Lava Jato, levaram investigadores a acreditar que, além de detalhar se houve irregularidades nos pagamentos ao ex-ministro, Pascowitch será peça-chave para aprofundar as investigações de corrupção e fraudes em contratos de estaleiros, navios, plataformas e sondas.

Um desses negócios a ser detalhado pelo lobista será a compra do Estaleiro Rio Grande, em 2010, pela Engevix e o fechamento de dois contratos bilionários para a construção de 8 cascos de plataformas (FPSOs), com a Petrobras, e três navios-sondas com a empresa Sete Brasil - criada pela estatal com investidores privados e fundos de investimento.

"(Pascowitch) acompanhava a construção dos cascos, das obras do ERG (Estaleiro Rio Grande) 2 e participava de algumas reuniões", afirmou Almada.

Preso em 14 de novembro de 2014 e desde abril em prisão domiciliar, o dono da Engevix detalhou o papel de destaque de Pascowitch no negócio do Estaleiro Rio Grande.

Almada não virou delator, como Pascowitch, mas colaborou com a Justiça ao confirmar pagamentos de "lobby" como forma de garantir contratos na estatal.

O dono da Engevix afirmou que o lobista abria portas na Petrobras, mantendo contatos com o PT e o ex-diretor de Serviços Renato Duque - cota do partido no esquema de loteamento político de cargos na petrolífera.

Elos

Investigadores da Lava Jato suspeitam que o esquema sistematizado de corrupção em obras de refinarias foi espelhado nos contratos do pré-sal.

Nele, empresas do cartel pagavam propinas que iam de 1% a 3% do valor dos contratos a agentes públicos, partidos e políticos - sob o comando de PT, PMDB e PP.

A construção dos cascos de plataformas, que era acompanhada por Pascowitch, segundo Almada, foi um dos contratos em que o lobista acertou o recebimento de US$ 120 milhões com a Engevix.

"A fim de viabilizar o negócio foram firmados contratos com a Jamp de Milton Pascowitch, no valor de aproximado de US$ 120 milhões", contou Almada.

"Parte desse valor, US$ 10 milhões foi pago mediante outro contrato com uma empresa internacional vinculada a Milton, de nome MJ2 Internacional."

Na transcrição do depoimento de Almada, a Polícia Federal registrou a cifra em reais (R$ 120 milhões). Mas, por extenso, anotou o valor em dólares (120 milhões de dólares).

O primeiro casco das plataformas tipo FPSOs (sigla em inglês para unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência de óleo) Replicantes foi entregue em dezembro do ano passado para montagem da P-66 - que está no Estaleiro BrasFels, em Angra dos Reis, e entrará em operação em 2016, no Campo de Lula (BM-S-11), Bacia de Santos.

As outras plataformas cujos cascos serão entregues pelo Estaleiro Rio Grande são: P-67, P-68, P-69, P-70 e P-71.

Defesa

O criminalista Theo Dias, que defende Pascowitch, disse que 'não pretende se manifestar'.

Nesta segunda-feira, 29, Theo Dias entregou petição ao Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4) em que desiste de habeas corpus que havia impetrado pedindo liberdade para seu cliente.

A desistência do habeas é uma das condições impostas aos que se propõem a colaborar.

A Engevix diz que está prestando os esclarecimentos necessários à Justiça (quanto aos pagamentos para Milton Pascowitch).

O ex-ministro José Dirceu afirmou que não teve qualquer envolvimento em contratos para construção de plataformas nem com o estaleiro em questão.

Os contratos da JD com a Engevix e com a JAMP tiveram o objetivo de prospectar negócios para a construtora no Peru, o que é confirmado pelos executivos da Engevix.

O ex-ministro, espontaneamente, já apresentou ampla documentação sobre seus contratos de consultoria e, por duas vezes, já se colocou à inteira disposição da Justiça do Paraná para prestar depoimento.

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