Alunas caminham pela USP: déficit da deve cair de R$ 1 bilhão em 2014 para R$ 115 milhões em 2018 (Cecília Bastos/USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 17 de novembro de 2014 às 07h47.
São Paulo - A Comissão de Orçamento e Patrimônio da Universidade de São Paulo (COP-USP) prevê que, até 2018, não haverá aumento real para os salários de professores e funcionários. O reajuste deve ocorrer apenas de acordo com a inflação.
Mesmo sem aumentos previstos, o comprometimento do orçamento com folha de pagamentos deve ficar em torno de 90,3% em 2018 - hoje a instituição tem 104,7% atrelado a gasto com pessoal.
O déficit da USP deve cair de R$ 1 bilhão em 2014 para R$ 115 milhões em 2018.
O levantamento faz parte do plano pluanual para o orçamento da USP e será votado no Conselho Universitário (CO) amanhã.
As previsões, no entanto, são consideradas por especialistas ouvidos pelo Estado como "muito otimistas". No documento, a COP afirma que o cenário da USP é "preocupante".
Também alerta que, se o cenário proposto não se verificar, as reservas da universidade podem se esgotar em 2017 "ou até mesmo antes".
Nas projeções, o crescimento do PIB do Brasil de 2016 a 2018 é de 2%. A inflação considerada é de 4,8% em 2015 e 2016 e de 4,5% em 2017 e 2018.
Para Zeina Latif, economista-chefe da XT Investimentos, as expectativas de crescimento do PIB estão otimistas e põem a universidade em um cenário de risco.
"O Estado de São Paulo tem crescido menos do que o País. E, principalmente por causa da indústria, é o mais vulnerável." Ela explica que o crescimento do PIB do Estado deve ser menor do que o da União no período.
O relatório Focus do Banco Central de 7 de novembro prevê um crescimento de 0,8% da União para 2015 - a previsão da USP é de 1,5% para o Estado, retirada da previsão do governo, segundo o relatório da COP.
"Se no ano que vem o crescimento do País ficar abaixo de 1%, São Paulo vai ficar com menos ainda. A gente não está enxergando uma luz econômica no fim do túnel para a indústria. Com a crise da água, as médias empresas vão migrar porque os custos começam a aumentar no Estado", afirma Zeina.
Para ela, a universidade precisa fazer projeções com outros cenários. "A USP tem de ter um plano B, porque tem um risco embutido nesse cenário. A USP precisa pensar a longo prazo."
No cenário projetado pela COP, a USP deixaria de usar todos os repasses do Estado com folha de pessoal em 2016, quando 93,65% dos gastos seriam usados em salários.
Em 2018, chegaria a 90,33% - porcentual ainda inseguro. As reservas esperadas para o fim do período são de R$ 538 milhões - hoje, são de R$ 1,7 bilhão.
Repasses
Para o presidente da Associação dos Docentes da USP (Adusp), Ciro Correia, não haverá solução para a crise sem um porcentual maior de repasse do Estado para a universidade.
"Desde 1995, se pede que o repasse do ICMS aumente para 11,6% (hoje é de 9,57%)", diz.
Para o professor Marcelo Nerling, do curso de Gestão de Políticas Públicas da USP, os aposentados deveriam ser retirados da folha.
"A USP tem de seguir o mesmo modelo das outras autarquias, nas quais os aposentados são remunerados pela SPPREV (São Paulo Previdência)", diz.
A USP informou, por meio da assessoria de imprensa, que só vai comentar a questão financeira após a reunião do CO amanhã.
Dirigentes do Sindicato de Funcionários da USP (Sintusp) foram procurados pela reportagem, mas não foram localizados até as 20 horas deste domingo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.