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PMDB assume pela 3ª vez sem nunca ter ganhado eleição

O PMDB já governou o país outras duas vezes, quando vice-presidentes da legenda substituíram os presidentes


	PMDB: o partido já governou o país outras duas vezes, quando vice-presidentes da legenda substituíram os presidentes
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

PMDB: o partido já governou o país outras duas vezes, quando vice-presidentes da legenda substituíram os presidentes (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 12 de maio de 2016 às 13h56.

Rio de Janeiro - A substituição da presidente Dilma Rousseff por seu vice, Michel Temer, fará com que o PMDB, maior força política parlamentar do país, assuma pela terceira vez a presidência da república sem nunca ter vencido eleições para o cargo.

A decisão do Senado de afastar Dilma por 180 dias, prazo máximo do julgamento que pode levá-la ao impeachment, coloca novamente na poltrona presidencial um partido que, apesar de sua gigantesca força, nunca teve um candidato competitivo à presidência.

É exatamente por seu tamanho, que o transformou em uma instituição amorfa e heterogênea que cobre sob o mesmo manto grupos de diversas ideologias e grandes caciques de todas as regiões do país, que o impede de ser competitivo em eleições presidenciais, de acordo com analistas entrevistados pela Agência Efe.

O PMDB já governou o país outras duas vezes, quando vice-presidentes da legenda substituíram os presidentes. José Sarney (1985-1990), até hoje um dos principais líderes do partido, assumiu o cargo após a morte de Tancredo Neves, de quem foi companheiro de chapa como vice-presidente, pouco antes de assumir.

Itamar Franco (1992-1994), também eleito vice-presidente, substituiu o hoje senador Fernando Collor quando ele renunciou à presidência, pressionado por um escândalo de corrupção e às vésperas de sofrer um impeachment.

Temer, eleito vice-presidente de Dilma Rousseff tanto em 2010 como em 2014 em sua condição de presidente do PMDB - o que garantiu ao partido sete ministérios até há apenas um mês - será o terceiro presidente pemedebista.

O partido, que tem o maior número de governadores e prefeitos do país, as maiores bancadas no Senado e na Câmara, só apresentou duas vezes candidatos à presidência às eleições diretas desde que foi fundado, em 1980, e em ambas sofreu duras derrotas.

Em 1989, nas primeiras eleições diretas desde o fim da ditadura militar (1964-1985), Ulysses Guimarães foi o candidato. Mas o veterano político, apesar ser um dos mais destacados opositores ao regime militar, teve que se conformar com um sétimo lugar, ao obter somente 4,73% dos votos.

A segunda e última vez foi nas presidenciais de 1994, quando Orestes Quércia foi o quarto colocado, com apenas 4,38% da preferência do eleitorado.

O PMDB não lançou nem apoiou nenhum candidato nas eleições de 1998 e de 2006. Em 2002 a então senadora Rita Camata foi candidata a vice de José Serra (PSDB), derrotado no segundo turno por Luiz Inácio Lula da Silva, e em 2010 e 2014 Temer foi o candidato a vice-presidente de Dilma.

"O PMDB tem muitos líderes regionais e interesses distintos, assim como uma grande complexidade, o que o impede de entrar em acordo para ter um candidato próprio à presidência", explicou à Efe o analista político José Luiz Niemeyer, coordenador de pós-graduação do Ibmec.

Para ele, a heterogeneidade e as rivalidades internas, assim como sua sede por cargos e sua necessidade de estar no poder tornam mais fácil para o PMDB negociar alianças do que apresentar candidatos próprios.

Segundo o analista político Carlos Pereira, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o PMDB prefere o papel de principal aliado de um governo, o que garante uma grande fatia do poder, em vez de correr o risco de perdê-lo em uma disputa eleitoral.

Por isso, ironicamente o partido sempre esteve no poder desde que o Brasil voltou à democracia, com ministros durante os governos Collor (1990-1992), Itamar Franco (1992-1995), Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), Lula (2003-2011) e Dilma (2011-2016).

Segundo os analistas, a partido integrou essas diferentes coalizões governistas graças a sua vocação para o clientelismo, o caciquismo, a corrupção e outras práticas associadas à "politicagem", exatamente o alvo das críticas de milhões de brasileiros que foram às ruas contra o governo nos dois últimos anos.

Em troca de maiorias no governo da vez no Congresso, o partido ocupou preferencialmente os ministérios responsáveis por grandes obras públicas e investimentos milionários, como Minas e Energia.

Alguns de seus apadrinhados na Petrobras, por exemplo, são os principais protagonistas do gigantesco escândalo na companhia, e vários de seus deputados e senadores estão entre os indiciados na maior investigação de casos de corrupção da história do Brasil, a operação Lava Jato.

Entre os peemedebistas envolvidos, destacam-se os presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, assim como alguns dirigentes que poderiam integrar o ministério de Temer, como o senador Romero Jucá.

A decisão do PMDB, em março, de romper com o governo e se alinhar com a oposição, que liderava a movimentação pelo julgamento do impeachment de Dilma, acabou balançando o placar a favor do processo contra a presidente.

Atrás do PMDB e de Temer, que abertamente negociou nas últimas semanas a composição de seu governo, foram vários partidos que até então integravam a base de apoio do governo no legislativo.

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