O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto (Roosewelt Pinheiro/ABr)
Talita Abrantes
Publicado em 17 de março de 2015 às 00h03.
São Paulo - O Ministério Público Federal (MPF) acaba de abrir uma acusação contra o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, João Vaccari Neto, por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro que teriam sido praticados no esquema da Petrobras. Esta é a primeira vez que há uma acusação formal contra Vaccari.
A denúncia foi feita com base nas investigações da nona fase da Operação Lava Jato, deflagrada em fevereiro. Na ocasião, João Vaccari Neto foi chamado para depor na Polícia Federal.
A nova denúncia está relacionada com desvios em quatro obras da Petrobras: refinarias Araucária e Paulínia, além dos gasodutos Urucu-Coari e Pilar/Ipojuca.
Propina maquiada de doação
Após as investigações, a Procuradoria concluiu que parte do dinheiro desviado da Petrobras foi repassado para políticos por meio de doações legais para campanhas eleitorais.
Segundo o MP, entre outubro de 2008 e abril de 2010, 24 doações eleitorais que tinham o propósito de maquiar propinas foram repassadas ao Partido dos Trabalhadores. Os pagamentos foram feitos por Renato Duque e o próprio tesoureiro do partido indicava as contas dos diretórios em que os depósitos deveriam ser feitos.
De acordo com o procurador Deltan Dallagnol, os valores foram destinados ao diretório nacional do partido. Não há informações de que tenham ido para uma campanha específica. Ao todo, 4,2 milhões de reais teriam sido repassados ao PT por este método.
"O pagamento de propina era disfarçado de um financiamento eleitoral, que tem uma aparência lícita. Trata-se de um sistema complexo intenso e complexo", afirmou o procurador. “As doações oficiais por si só não constituem crime. É crime quando esconde um repasse ilícito ou de propina”.
Corrupção pluripartidária
No entanto, Dallagnol afirmou que a prática de maquiar propinas por meio de doações eleitorais não é exclusiva do PT. "Não vemos essa corrupção endêmica como um fenômeno ligado ao partido A ou B. É um fenômeno pluripartidário, devemos mudar as estruturas", afirmou o procurador durante a coletiva em Curitiba (PR).
O Ministério Público Federal estima que 4 bilhões de reais tenham sido desviados da Petrobras em contratos firmados pelas diretorias de Serviços e Abastecimento da estatal, quando Renato Duque e Paulo Roberto Costa eram seus diretores, respectivamente.
A doação para campanhas não era o único método para o repasse de propina. Os pagamentos também eram feitos com dinheiro em espécie por meio de empresas de fachada, compra de ativos e através de contas no exterior.
Denunciados
Dos 27 denunciados hoje, 16 estão na lista do Ministério Público Federal pela primeira vez. São cinco operadores e quatro funcionários; dois ex-diretores e um ex-gerente da Petrobras; 15 pessoas vinculadas a empreiteiras como OAS, SETAL e Mendes Júnior.
Veja quem são eles:
Denunciados |
---|
Adir Assad |
Alberto Villaça |
Alberto Youssef |
Ângelo Mendes |
Augusto Mendonça |
Dário Teixeira |
Franscisco Perdigão |
João Vaccari Neto |
Léo Pinheiro |
José Diniz |
José Rezende |
Júlio Camargo |
Lucélio Góes |
Luiz Almeida |
Mario Góes |
Marcus Teixeira |
Mateus Coutinho |
Paulo Roberto Costa |
Pedro Barusco |
Renato Duque |
Renato Siqueira |
Rogério Cunha |
Sérgio Mendes |
Sonia Branco |
Vicente Carvalho |
Waldomiro Oliveira |