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10 dados explicam espanto de Serra com mexicanas na política

Brasil tem uma das piores taxas do mundo em representação feminina na política - um cenário bem diferente daquele encontrado por Serra no México


	O ministro das Relações Exteriores, José Serra: ele se espantou com tantos mulheres na política do México
 (Ueslei Marcelino / Reuters)

O ministro das Relações Exteriores, José Serra: ele se espantou com tantos mulheres na política do México (Ueslei Marcelino / Reuters)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 1 de agosto de 2016 às 11h09.

São Paulo – Foi com uma piada de gosto duvidoso que o ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), marcou sua visita oficial ao México na última segunda-feira.

Diante da ministra das Relações Exteriores do país e de uma equipe composta majoritariamente por mulheres, o ministro brasileiro afirmou que a elevada representação feminina na política mexicana seria “um perigo”.

“Devo dizer, cara ministra, que o México, para os políticos homens no Brasil, é um perigo, porque descobri que aqui quase a metade dos senadores são mulheres”, afirmou em discurso ao lado da ministra mexicana Claudia Ruiz Massieu – cuja visita ao Brasil, segundo ele, também seria arriscada já que ela poderia “chamar atenção para o assunto”.

A biografia do ex-senador pode explicar tamanho espanto da parte dele diante de um Legislativo mais equilibrado entre homens e mulheres.

Serra foi eleito deputado federal em 1986. Naquela legislatura apenas 26 mulheres assumiram uma cadeira na Câmara dos Deputados. Trinta anos depois, o cenário mudou sutilmente: há hoje 51 deputadas federais, o equivalente a 10% do total de parlamentares. No último ano, o hoje ministro dividiu os corredores do Senado com apenas 12 senadoras de um total de 81 políticos. 

A título de comparação, as mexicanas representam 42% e 33%, respectivamente, da Câmara dos Deputados e Senado do México. 

Desde 12 de maio deste ano, Serra entrou para a equipe do governo interino de Michel Temer (PMDB), cuja formação ministerial causou controvérsia por ser a primeira desde o governo Geisel sem mulheres.

Foram dados como esses que renderam ao Brasil uma das taxas mais baixas do mundo de presença de mulheres do Congresso Nacional. Segundo levantamento da União Inter-Parlamentar, o país está em 153º em ranking que mede a representação feminina no Legislativo – desempenho pior do que o apresentado por países como Paquistão e Afeganistão. 

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* Atualizado em 29 de julho para atualizar dados do ranking da União Interparlamentar Internacional

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