No Bahia Farm Show, Lula pede fim da rivalidade entre agronegócio e pequenos proprietários
Durante o discurso, Lula disse também que o agronegócio brasileiro - pequeno, médio e grande - precisa da ajuda do estado para manter suas atividades
Redação Exame
Publicado em 6 de junho de 2023 às 14h00.
Durante a abertura da 17ª edição do Bahia Farm Show, no município de Luis Eduardo Magalhães (BA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta terça-feira, 6, que o Brasil precisa tanto da agricultura quanto da indústria. “A verdade é que precisamos dos dois, uma coisa complementa a outra”, destacou. “Temos que valorizar os dois. Quando a agricultura vai bem, a indústria de máquinas vai bem.”
“De vez em quando, se inventa uma discussão que não tem nem pé nem cabeça. As pessoas que defendem a industrialização do país dizem assim: ‘Não queremos ser exportadores de commodities, queremos exportar produtos manufaturados, porque a indústria paga um salário melhor. Só commodity não interessa’.”
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Outra polêmica citada pelo presidente é arivalidade entre o pequeno proprietário e o agronegócio. “Ora, são duas coisas totalmente necessárias ao país. Não há rivalidade. Não há porque o preconceito do grande contra o pequeno ou do pequeno contra o grande. O Brasil precisa dos dois porque os dois ajudam o Brasil. Temos 4,6 milhões de propriedades nesse país com menos de 100 hectares, completou.
“É preciso parar de construir rivalidade onde ela não existe. A gente não pode dar corda para o discurso ignorante. Por que eu poderia ser contra um produtor rural que quer terra pra trabalhar? Por que eu poderia ser contra um grande produtor que está produzindo e vendendo sua soja ou fazendo o Brasil voltar a plantar algodão?”
Lula afirma que agro precisa do governo
Lula disse também que oagronegócio brasileiro - pequeno, médio e grande - precisa da ajuda do estado para manter suas atividades. Ele ainda defendeu as políticas do PT para o agro em comparação com a adotada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que tinha melhor interlocução com o setor. "Se não é o Estado colocar o dinheiro, muitas vezes o agronegócio não estaria do tamanho que está para financiar máquinas, safra e garantir exportações", disse o presidente.
Segundo o presidente, é "mentira" dizer que os produtores do setor não precisam do governo. "Quem é do agro sabe como foi o Plano Safra no ano passado, talvez o pior plano safra história do agronegócio", criticou o presidente, em referência à política do governo Bolsonaro.
Liberação de R$ 3,6 bilhões para o Plano Safra
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, anunciou a liberação de R$ 3,6 bilhões para o Plano Safra (Safrinha) e de R$ 4 bilhões em linha de financiamento em dólar para investimentos no Crédito Rural – para a construção e ampliação de armazéns, obras de irrigação, formação e recuperação de pastagens, geração e distribuição de energia de fontes renováveis e regularização ambiental da propriedade.
"A linha dolarizada parou de ser agora só para investimentos em máquinas. Ela é agora uma linha de crédito para programas. Tudo aquilo que o produtor tiver necessidade, quer seja compra de calcário, a conversão de pastagens em áreas de agricultura, todos os investimentos em máquinas, armazéns. Inclusive, a construção civil dessas obras será financiada por essa linha de crédito dolarizada", explicou.
O ministro destacou ainda uma linha de crédito de apoio à estradas vicinais, permitem o fluxo de mercadorias e serviços na zona rural dos municípios. Em geral, essas rotas são geradas por meio do aproveitamento de trilhas e caminhos já existentes, condicionadas a um traçado geométrico carregado de fortes rampas e curvas acentuadas.
"Já conversamos com governador [da Bahia, Jerônimo ], o [ministro da Casa Civil], Rui Costa, bancada de deputados do estado da Bahia, para que nós façamos parcerias em estradas vicinais. O Ministério da Agricultura, governo do estado da Bahia, governo do presidente Lula e os produtores para substituir pontes de madeira, galerias tubulares, cascalhar as rodovias, integrar com as rodovias pavimentadas e dar mais competitividade logística", afirmou Fávaro.