Cerca de 90% da população do estado ficou sem energia após um incêndio ter atingido a principal subestação do estado (Rudja Santos/Amazônia Real/Divulgação)
Agência O Globo
Publicado em 9 de novembro de 2020 às 11h00.
Moradores do Amapá reclamam que o rodízio no fornecimento de luz por períodos de seis horas por regiões não está funcionando. O sistema foi adotado no sábado, quando o fornecimento de energia começou a ser retomado no estado que enfrenta um apagão em 13 de seus 16 municípios.
O rodízio foi estabelecido pela Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) porque apenas 65% do sistema elétrico foram recuperados. Em alguns locais, no entanto, a energia voltou por apenas duas horas.
No domingo, a Justiça Federal deu prazo de três dias para que o fornecimento de energia elétrica seja restabelecido plenamente em todo o Amapá, sob multa de R$ 15 milhões. A Isolux, empresa responsável pela manutenção do serviço da subestação que causou o apagão, deve entregar em até 12 horas um plano de ação para solucionar o problema, sob pena de multa de R$ 100 mil, em caso de descumprimento.
Na última terça-feira, 3 de novembro, perto de 90% da população do estado, de 765 mil pessoas, ficou sem energia após um incêndio ter atingido a principal subestação do estado. A falta de luz resultou em problemas também no fornecimento de água potável, no funcionamento de telecomunicações, causando ainda longas filas em postos de combustíveis e prejuízos ao comércio.
Morador do bairro Marabaixo 3, na Zona Oeste de Macapá, Marcelo Silva, de 40 anos, conta que a energia deveria ter chegado ao local no domingo das 6h às 12h e das 18h à meia-noite, mas foram 12 horas sem serviço.
— No meu bairro ficou sem energia das 18h de ontem até 6h30 de hoje. No meu local de trabalho, chegou 4h30 da madrugada de hoje e 6h40 já foi embora — disse Silva ao G1.
Ele frisou que não há como organizar a dispensa, ainda que tenha uma energia mínima, porque não é possível produzir gelo, o que impede congelar refeições.
— A gente tenta se organizar baseado no cronograma, mas não respeitam. O transtorno maior é não poder dormir, não conseguir descansar — complementou ele. — É inadmissível nosso estado ser gerador de energia, com várias hidrelétricas, passar por uma situação dessa. O Amapá está mendigando energia.
Na Zona Sul da capital do estado, no bairro Muca, o rodízio deveria ocorrer nos mesmos horários estabelecidos para o Marabaixo 3. Uma estudante de 20 anos que mora na localidade e preferiu não se identificar, conta que só teve fornecimento de energia das 18h às 21h de domingo. Depois, a luz voltou às 4h desta segunda-feira, sendo interrompida após duas horas.
Além da dificuldade com o preparo e conservação de alimentos, a estudante destacou que equipamentos eletrônicos podem queimar, queixando-se do que avaliou como "um desrespeito".
O Ministério de Minas e Energia estima que a retomada da distribuição de energia no estado estará totalmente restabelecida no próximo fim de semana, sem ter fixado o dia para que isso ocorra.
O G1 contatou a CEA, que ainda não respondeu sobre os motivos das folhas no rodízio no fornecimento de energia.