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Nem milagre econômico salva o PT, avalia Lula

Em reunião com deputados, Lula afirmou que nem um milagre nas finanças do governo pode salvar a gestão de Dilma dos efeitos da Lava Jato


	Em reunião com deputados e dirigentes petistas, Lula falou sobre a situação econômica do país durante o Mensalão e afirmou que nem um milagre nas finanças do governo pode salvar a gestão de Dilma dos efeitos da Lava Jato
 (Paulo Fridman/Bloomberg News)

Em reunião com deputados e dirigentes petistas, Lula falou sobre a situação econômica do país durante o Mensalão e afirmou que nem um milagre nas finanças do governo pode salvar a gestão de Dilma dos efeitos da Lava Jato (Paulo Fridman/Bloomberg News)

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Da Redação

Publicado em 6 de agosto de 2015 às 10h23.

São Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliou na quarta-feira, 5, em reunião com deputados estaduais e dirigentes petistas, em São Paulo, que, ao contrário do escândalo do mensalão, em 2005, quando o bom desempenho da economia ajudou o PT a superar a tempestade e vencer a eleição do ano seguinte, os efeitos da Operação Lava Jato não poderiam ser suplantados nem por uma repentina e milagrosa melhora das finanças sob a gestão Dilma Rousseff.

Conforme o cenário projetado pelo ex-presidente, a diferença é que, desta vez, existem indícios de enriquecimento pessoal dos envolvidos nos desvios da Petrobras, ao contrário do que ocorreu no mensalão, cujo objetivo, segundo Lula, era financiar o "projeto político" do PT.

Lula se reuniu na quarta-feira com os 14 deputados estaduais do PT de São Paulo e os presidentes nacional e estadual do partido, Rui Falcão e Emídio de Souza, na sede do Instituto Lula, no Ipiranga, zona sul de São Paulo.

Lula não citou nominalmente em momento algum o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, preso na segunda-feira pela Lava Jato sob suspeita de receber dinheiro desviado da Petrobras para pagar despesas pessoais como viagens de avião e reformas de imóveis.

Os dois não se encontram pessoalmente desde antes da primeira prisão de Dirceu, pela condenação no processo do mensalão, em novembro de 2013.

A fala de Lula, no entanto, foi interpretada como uma referência à prisão do ex-ministro. Participantes notaram diferenças em relação ao discurso de Lula antes da prisão do ex-ministro, quando o ex-presidente dizia que, se Dilma e a economia saíssem da crise, levantariam o PT.

Agora, ao contrário de 2005, Lula avalia que a economia pode reerguer o governo, mas não é suficiente para salvar o PT. O enriquecimento pessoal de envolvidos na Lava Jato diferencia o partido das demais legendas e o PT precisa de uma nova "narrativa" para explicar os desvios.

Ainda segundo relatos, Lula chegou a dizer que confia nos companheiros presos, fez a ressalva de que é preciso provar as suspeitas de enriquecimento pessoal e reclamou várias vezes dos "vazamentos seletivos" contra o PT.

Para o ex-presidente, diferentemente do mensalão, quando o até então insuspeito PT foi jogado na vala comum dos partidos que praticam caixa 2 eleitoral, a Lava Jato diferencia a sigla das demais legendas, o que dificulta a elaboração do discurso de defesa.

"Não entendo como pode o dinheiro da mesma empresa ser sujo para o PT e limpo para outros partidos. É como se tivessem dois caixas. Um para o PT e outro para o PSDB", disse Lula.

Segundo participantes, Lula ouviu atentamente avaliações e sugestões de cada um dos convidados durante mais de uma hora e só então falou, por aproximadamente 20 minutos. "Ele está claramente em processo de consulta, procurando o discurso", afirmou um deputado.

Apesar do tom "duro e cru" adotado em sua avaliação, nas palavras de um dos convidados, o ex-presidente também apontou sinais otimistas.

Economia

Para o ex-presidente, a recuperação da economia é uma "certeza absoluta" e pode ocorrer antes do que foi previsto inicialmente pelo próprio governo, a depender das condições internacionais.

A recuperação da economia seria suficiente para afastar as ameaças imediatas contra Dilma - Lula também não usou a palavra impeachment - e garantir o término do mandato.

O petista também fez uma análise positiva sobre o comportamento da presidente Dilma Rousseff diante da crise. Segundo ele, a presidente passou a dar mais atenção aos políticos, se abrindo ao diálogo e rompendo o isolamento que marcou o primeiro mandato dela. 

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