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Negócios do BNDES com a JBS podem ter sido irregulares

Segundo relatório do ministro Augusto Shermann, as ações da empresa foram adquiridas por um valor acima do que era cotado na bolsa de valores

JBS: a empresa disse que todos os investimentos do BNDESPar foram praticados de acordo com a legislação do mercado de capitais brasileiros (Ueslei Marcelino/Reuters)

JBS: a empresa disse que todos os investimentos do BNDESPar foram praticados de acordo com a legislação do mercado de capitais brasileiros (Ueslei Marcelino/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 26 de abril de 2017 às 17h47.

O Tribunal de Contas da União (TCU) vai analisar possíveis irregularidades na compra de ações do frigorífico JBS pela BNDES Participações (BNDESPar), subsidiária do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

Segundo o relatório do ministro Augusto Shermann, as ações da JBS, dona da marca Friboi, foram adquiridas por um valor acima do que era cotado na bolsa de valores.

O valor previsto foi acrescido de um adicional de R$ 0,50 por ação o que, segundo o ministro, não se justifica.

Cada ação valia R$ 7,65, mas o BNDES pagou R$ 8,15 por cada papel.

A área técnica do TCU também apontou ausência de demonstração da aplicação dos recursos na finalidade para a qual foi repassada, da ordem de US$ 230 a 235 milhões.

O aporte, de R$ 1,14 bilhões, foi feito em 2007, com o objetivo de apoiar a compra do frigorífico americano Swift Foods pela JBS.

"Os recursos do BNDES são subsidiados, de modo que qualquer recurso adicional que se repassa significa uma certa perda para o estado brasileiro", disse Shermann.

Privilégio

Outra possível irregularidade apontada pelo TCU é o curto prazo de aprovação da operação.

Sherman disse que o negócio foi aprovado em 22 dias úteis.

No entanto, análise do TCU mostra que o prazo médio para a aprovação de operações como esta é de 116 dias corridos.

"Isso mostra que houve sim um certo descompasso entre o prazo com que essa operação foi analisada, em relação às outras que o BNDES tinha nesse mesmo período de tempo. Portanto, há indício que houve certo privilégio ao grupo JBS na análise dessa operação", disse o ministro.

Além da abertura de uma Tomada de Contas Especial para apurar os indícios de irregularidades, o tribunal vai definir até o dia 10 de maio quais responsáveis serão ouvidos para esclarecer o caso.

Segundo Shermann, a abertura do processo não significa uma condenação do TCU.

"É apenas a abertura de um processo para que esses indícios possam ser melhor avaliados, a partir das oitivas dos responsáveis para que o tribunal venha depois a decidir se se eles realmente se confirmam como regularidades e eventualmente haver sanções", disse.

Outro lado

Em nota, a JBS disse que todos os investimentos do BNDESPar foram praticados de acordo com a legislação do mercado de capitais brasileiros e com total transparência.

"Sendo assim, a companhia não tem o menor receio que, ao término do processo, o resultado dele possa afetar os negócios ou mesmo a situação patrimonial da companhia. Já houve inclusive uma perícia da Polícia Federal informando a inexistência de qualquer indício de irregularidades", diz a empresa.

O BNDES ainda não se manifestou sobre a decisão do TCU.

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