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Não tenho dor nem pena de votar pelo impeachment, diz Marta

Ela já anunciou que será favorável ao impeachment. Caso o afastamento de Dilma seja aprovado, assume o vice Michel Temer, do mesmo partido de Marta

A senadora Marta Suplicy, do PMDB (ANTONIO MILENA/Arquivo/Editora Abril)
DR

Da Redação

Publicado em 7 de maio de 2016 às 14h45.

Ex-ministra nos governos Lula e Dilma Rousseff, a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) tem sido considerada por alguns parlamentares uma visionária. Filiada ao PT por 33 anos, a senadora insistiu ao ex-presidente Lula para que disputasse as eleições em 2014 com o argumento de que a presidente não conseguiria mais governar o País.

Marta foi uma das principais patrocinadoras do movimento “Volta, Lula”, em 2014. Em breve entrevista ao HuffPost Brasil, a senadora contou um pouco sobre como foi a última conversa que teve com o ex-presidente e insistiu na tese de que era possível prever que a presidente “tornaria o Brasil uma Argentina”.

Pré-candidata à Prefeitura de São Paulo pelo PMDB, Marta fez uma carta de demissão do comando do Ministério da Cultura na qual criticava principalmente a condição econômica do País, a credibilidade e confiança na presidente:

"Todos nós, brasileiros, desejamos, neste momento, que a senhora seja iluminada ao escolher sua nova equipe de trabalho, a começar por uma equipe econômica independente, experiente e comprovada, que resgate a confiança e credibilidade ao seu governo e que, acima de tudo, esteja comprometida com uma nova agenda de estabilidade e crescimento para o nosso país. Isto é o que hoje o Brasil, ansiosamente, aguarda e espera.”

Ela já anunciou que será favorável ao impeachment na votação da próxima quarta-feira (11) no Senado. Caso o afastamento de Dilma seja aprovado, assume o vice Michel Temer, do mesmo partido de Marta.

Os colegas petistas no Senado guardam mágoa da ex-petista. Como contraponto, dizem que ela abandonou o partido não por discordar da política econômica do governo, mas por questões eleitorais.

Na época em que a ex-ministra se desfiliou, o partido já tinha sinalizado que o candidato em São Paulo seria o prefeito Fernando Haddad. Assim, os ex-correligionários dizem que, sem espaço no PT, ela precisou procurar outro guarda-chuva para sua candidatura.

Leia a íntegra da entrevista:

HuffPost Brasil: A senhora tem sido considerada por alguns parlamentares uma visionária por ter previsto que a presidente Dilma Rousseff não teria condições de comandar o País por mais um mandato...

Marta Suplicy: Sim. Eu tenho certeza disso. Eu acho que fiz o que eu podia dentro das minhas forças para que o Brasil tomasse outro rumo. Tentei muito com o presidente Lula para que ele fosse o candidato e ele também tinha vontade de ser. Não sei por que motivo dois meses antes da eleição, ele me disse que não seria. Aí nesse momento eu falei para ele que era um erro crasso porque ela [Dilma Rousseff] ia fazer do Brasil uma Argentina. Aí foi uma grande conversa, uma discussão e no fim da conversa eu falei que eu não ia fazer parte desse final de campanha e que eu procuraria outro caminho. Depois eu nunca mais falei com ele.

A senhora sente que teve um estalo?

Tive realmente essa percepção. Talvez o destino tenha sido certo. A gente não sabe o que teria sido se ele tivesse ganhado a eleição. Eu achava naquele momento que ele teria uma condição de diálogo e de capacidade que levaria a uma condição melhor do País. Ninguém tinha ideia da corrupção que rolava dentro do Partido dos Trabalhadores nessa forma de recursos públicos direto na veia para manutenção do governo. Talvez tenha sido melhor dessa forma. A gente não sabe como estaria a Lava Jato hoje [com Lula], e a Lava Jato é muito bem-vinda porque a gente quer que vá até o final para que os responsáveis todos pelo desvio público de dinheiro recebam a pena.

O governo Temer é temporário. A senhora acha que é possível uma mudança de rumos?

Acho que tem chance porque o possível ministro da economia [Henrique Meirelles] é uma pessoa absolutamente capaz com grande credibilidade. A partir de algum tempo, nós voltaremos a ter os investimentos. Outro dia, por exemplo, uma pessoa que tem um loteamento popular estava me dizendo que estava com dificuldade de venda e fizeram um crediário muito favorável para as pessoas comprarem porque a economia tem que rodar e as pessoas diziam que tinham dinheiro, não precisavam do crédito, mas eu tenho que esperar para ver o que vai acontecer. O Brasil está parado há muito tempo e isso tem que mudar.

A senhora chegou a ministra da presidente Dilma, manteve um relacionamento profissional com ela. Por mais que a senhora tenha conversado com o presidente Lula por uma candidatura dele, dói votar contra ela?

Não. Dói nada porque nós não temos mais condições nenhuma de ela ficar. E essa constatação, essa percepção me fazem não ter nenhuma pena, nenhuma dor. Pena dela como pessoa, eu tenho porque ninguém faz o que ela fez de propósito. Apesar que as pedaladas fiscais ela fez.

Há muitas críticas quanto ao futuro do governo, principalmente com relação aos programas sociais...

É uma manipulação do PT dizer que vão acabar com os programas sociais. Os programas sociais estão acabando por conta dela [de Dilma]. Se você for verificar, os grandes programas sociais estão com os recursos pela metade, já diminuídos pelo fruto da má gestão e incompetência dela. O Temer vai manter os programas sociais, os recursos e vai aumentar as condições que eram antes. No momento, já está tudo pela metade.

E sobre a prefeitura de São Paulo?

Eu sou pré-candidata.

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Ex-ministra nos governos Lula e Dilma Rousseff, a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) tem sido considerada por alguns parlamentares uma visionária. Filiada ao PT por 33 anos, a senadora insistiu ao ex-presidente Lula para que disputasse as eleições em 2014 com o argumento de que a presidente não conseguiria mais governar o País.

Marta foi uma das principais patrocinadoras do movimento “Volta, Lula”, em 2014. Em breve entrevista ao HuffPost Brasil, a senadora contou um pouco sobre como foi a última conversa que teve com o ex-presidente e insistiu na tese de que era possível prever que a presidente “tornaria o Brasil uma Argentina”.

Pré-candidata à Prefeitura de São Paulo pelo PMDB, Marta fez uma carta de demissão do comando do Ministério da Cultura na qual criticava principalmente a condição econômica do País, a credibilidade e confiança na presidente:

"Todos nós, brasileiros, desejamos, neste momento, que a senhora seja iluminada ao escolher sua nova equipe de trabalho, a começar por uma equipe econômica independente, experiente e comprovada, que resgate a confiança e credibilidade ao seu governo e que, acima de tudo, esteja comprometida com uma nova agenda de estabilidade e crescimento para o nosso país. Isto é o que hoje o Brasil, ansiosamente, aguarda e espera.”

Ela já anunciou que será favorável ao impeachment na votação da próxima quarta-feira (11) no Senado. Caso o afastamento de Dilma seja aprovado, assume o vice Michel Temer, do mesmo partido de Marta.

Os colegas petistas no Senado guardam mágoa da ex-petista. Como contraponto, dizem que ela abandonou o partido não por discordar da política econômica do governo, mas por questões eleitorais.

Na época em que a ex-ministra se desfiliou, o partido já tinha sinalizado que o candidato em São Paulo seria o prefeito Fernando Haddad. Assim, os ex-correligionários dizem que, sem espaço no PT, ela precisou procurar outro guarda-chuva para sua candidatura.

Leia a íntegra da entrevista:

HuffPost Brasil: A senhora tem sido considerada por alguns parlamentares uma visionária por ter previsto que a presidente Dilma Rousseff não teria condições de comandar o País por mais um mandato...

Marta Suplicy: Sim. Eu tenho certeza disso. Eu acho que fiz o que eu podia dentro das minhas forças para que o Brasil tomasse outro rumo. Tentei muito com o presidente Lula para que ele fosse o candidato e ele também tinha vontade de ser. Não sei por que motivo dois meses antes da eleição, ele me disse que não seria. Aí nesse momento eu falei para ele que era um erro crasso porque ela [Dilma Rousseff] ia fazer do Brasil uma Argentina. Aí foi uma grande conversa, uma discussão e no fim da conversa eu falei que eu não ia fazer parte desse final de campanha e que eu procuraria outro caminho. Depois eu nunca mais falei com ele.

A senhora sente que teve um estalo?

Tive realmente essa percepção. Talvez o destino tenha sido certo. A gente não sabe o que teria sido se ele tivesse ganhado a eleição. Eu achava naquele momento que ele teria uma condição de diálogo e de capacidade que levaria a uma condição melhor do País. Ninguém tinha ideia da corrupção que rolava dentro do Partido dos Trabalhadores nessa forma de recursos públicos direto na veia para manutenção do governo. Talvez tenha sido melhor dessa forma. A gente não sabe como estaria a Lava Jato hoje [com Lula], e a Lava Jato é muito bem-vinda porque a gente quer que vá até o final para que os responsáveis todos pelo desvio público de dinheiro recebam a pena.

O governo Temer é temporário. A senhora acha que é possível uma mudança de rumos?

Acho que tem chance porque o possível ministro da economia [Henrique Meirelles] é uma pessoa absolutamente capaz com grande credibilidade. A partir de algum tempo, nós voltaremos a ter os investimentos. Outro dia, por exemplo, uma pessoa que tem um loteamento popular estava me dizendo que estava com dificuldade de venda e fizeram um crediário muito favorável para as pessoas comprarem porque a economia tem que rodar e as pessoas diziam que tinham dinheiro, não precisavam do crédito, mas eu tenho que esperar para ver o que vai acontecer. O Brasil está parado há muito tempo e isso tem que mudar.

A senhora chegou a ministra da presidente Dilma, manteve um relacionamento profissional com ela. Por mais que a senhora tenha conversado com o presidente Lula por uma candidatura dele, dói votar contra ela?

Não. Dói nada porque nós não temos mais condições nenhuma de ela ficar. E essa constatação, essa percepção me fazem não ter nenhuma pena, nenhuma dor. Pena dela como pessoa, eu tenho porque ninguém faz o que ela fez de propósito. Apesar que as pedaladas fiscais ela fez.

Há muitas críticas quanto ao futuro do governo, principalmente com relação aos programas sociais...

É uma manipulação do PT dizer que vão acabar com os programas sociais. Os programas sociais estão acabando por conta dela [de Dilma]. Se você for verificar, os grandes programas sociais estão com os recursos pela metade, já diminuídos pelo fruto da má gestão e incompetência dela. O Temer vai manter os programas sociais, os recursos e vai aumentar as condições que eram antes. No momento, já está tudo pela metade.

E sobre a prefeitura de São Paulo?

Eu sou pré-candidata.

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