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Não há motivo para pânico: coronavírus segue com baixa taxa de letalidade

Especialistas e autoridade de saúde explicam que a doença pode ser classificada como uma infecção respiratória

Coronavírus: método de prevenção contra o vírus consiste em atitudes básicas como manter a higiene, principalmente das mãos (SeongJoon Cho/Reuters)

Coronavírus: método de prevenção contra o vírus consiste em atitudes básicas como manter a higiene, principalmente das mãos (SeongJoon Cho/Reuters)

BC

Beatriz Correia

Publicado em 9 de março de 2020 às 08h00.

Última atualização em 9 de março de 2020 às 09h57.

São Paulo — Com um saldo de mais de 3,6 mil mortos e mais de 105 mil infectados em 98 países, o coronavírus pode ser classificado como infecção respiratória, ou simplesmente como uma virose, segundo um especialista e uma autoridades de Saúde ouvidos pela EXAME.

No Brasil, de acordo com último balanço do Ministério da Saúde, há 25 casos positivos confirmados até a manhã desta segunda-feira (09). O país ainda registra 674 casos suspeitos e outros 602 descartados.

A rápida disseminação do vírus tem causado alertas no mundo todo. Máscaras e álcool gel estão esgotados nas prateleiras de lojas, enquanto bolsas de valores acumulam consecutivas quedas.

Só na última semana, o Ibovespa recuou quase 6%, e, no ano, o acúmulo de queda já passa dos 15%. Além da influência nos mercados financeiros globais, a transmissão já afeta a produção das empresas, que preveem redução dos resultados trimestrais.

O cenário parece ser de puro caos, mas de acordo com especialistas, não há motivo para entrar em pânico. Segundo o chefe da área de infectologia da Unicamp, Plínio Trabasso, o coronavírus nada mais é do que algo muito próximo de uma gripe.

Apesar dos alarmantes números de mortes, a taxa de letalidade do novo vírus não passa de 3%, menor do que a da SARS (8%) e da dengue (3,8%).

“Mais de 90 a 95% das pessoas que forem infectadas terão um quadro respiratório leve, muito semelhante a uma gripe. Nos outros 5% a 10%, o quadro pode evoluir com falta de ar e, numa parcela equivalente a menos de 10% deles, será necessária a assistência ventilatória, com internação hospitalar”, explicou o especialista.

No Brasil, até o momento, apenas um caso é registrado como grave. A paciente de 52 anos do Distrito Federal é a única que está internada respirando com ajuda de aparelhos.

As outras pessoas contaminadas estão com sintomas leves ou assintomáticas. Segundo Trabasso, de uma forma geral, as diferenças entre o coronavírus e a gripe são apenas duas: a gripe é mais letal e já existe uma vacina contra o vírus da influenza.

Casos em São Paulo

O Estado de São Paulo concentra o maior número de casos no Brasil, um total de 13 confirmados até agora. O local também é o único do país que registrou transmissão direta.

Porém, mesmo os casos secundários detectados tiveram contato com pacientes originalmente infectados em outros países, então não há, ainda, a transmissão comunitária.

“É muito difícil precisar, mas pelas características na evolução da epidemia em outros países, podemos esperar que em algum momento a transmissão interna passe a ocorrer”, esclarece Trabasso.

Mas, o infectologista volta a ressaltar que a letalidade do vírus é muito baixa e que a grande maioria das pessoas que forem contaminadas pelo Covid-19 vão apenas apresentar sintomas de uma gripe comum.

Assim como nos casos de influenza, a recomendação para prevenir a contaminação por coronavírus é simples: cuidados de higiene básicos, como por exemplo, uma boa alimentação e higiene frequente das mãos com água e sabão ou álcool gel.

Além disso, a chamada “etiqueta respiratória”, que consiste em cobrir a boca ao tossir ou espirrar e sempre higienizar as mãos logo em seguida.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, governo paulista liberou R$ 30 milhões para o combate ao coronavírus. O valor, segundo o secretário José Henrique Germann Ferreira, será usado em duas frentes.

A primeira é na instalação de novos leitos em hospitais para os casos com sintomas graves, e a segunda é o investimento em comunicação para acalmar os cidadãos e apontar os reais — e baixos — riscos do Covid-19. "Não há necessidade de entrar em pânico, estamos vivendo uma situação de alerta, não de pânico", afirmou o secretário.

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