O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, reclama de obstrução de deputados da base governista (José Cruz/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 29 de outubro de 2020 às 08h45.
Última atualização em 29 de outubro de 2020 às 11h14.
Após o conteúdo de uma conversa entre Rodrigo Maia e Roberto Campos Neto vazar à imprensa nesta quarta-feira, 28, o presidente da Câmara criticou o presidente do Banco Central no Twitter nesta manhã.
Na postagem, Maia responsabilizou Campos Neto pelo vazamento e disse que a atitude "não está à altura de um presidente de banco de um país sério".
Campos Neto procurou Maia diante da preocupação de que a crise política e as reformas não avancem no Congresso, segundo divulgado ontem pelo Estadão Broadcast. A publicidade do encontro irritou o presidente da Câmara.
A atitude do presidente do Banco Central de ter vazado para a imprensa uma conversa particular que tivemos ontem não está à altura de um presidente de Banco de um país sério.
— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) October 29, 2020
A Câmara não realiza votações desde 6 de outubro em meio a obstruções e falta de acordos, além da proximidade das eleições municipais, marcadas para 15 de novembro. Novas votações não devem ocorrer até a realização do pleito, deixando o plenário parado por mais um mês.
Maia, ainda segundo o Estadão, respondeu ao presidente do BC que a obstrução parte da própria base do governo. Maia já tem feito declarações públicas sobre o tema nos últimos dias, afirmando que não é por sua responsabilidade que as votações não têm ocorrido. "Eu pauto, a base obstrui, eu cancelo a sessão. Infelizmente, é assim", disse o presidente da Câmara ontem a jornalistas.
A relação entre a política e o Banco Central deve se intensificar nos próximos meses. Analistas têm apontado que o Banco Central pode voltar a subir juros para controlar a inflação, que vêm começando a mostrar alguma tendência de alta. O risco fiscal poderia acentuar um aumento da inflação.
Nesta quarta-feira, o Copom, comitê de política monetária do Banco Central, votou por unanimidade para manter a Selic em 2%, patamar mais baixo da história. A decisão já era esperada pelo mercado. Ainda assim, em comunicado sobre a decisão, a preocupação sobre uma alta da inflação voltou a aparecer.
O Copom reconheceu que as “últimas leituras de inflação foram acima do esperado” e, por isso, elevou a projeção para os meses restantes de 2020.