Cabral: a nova ofensiva contra o ex-governador do Rio serviu de munição para o rival político, o também ex-governador Anthony Garotinho (Valter Campanato/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de janeiro de 2017 às 15h26.
Última atualização em 27 de janeiro de 2017 às 15h33.
São Paulo - A nova ofensiva da Procuradoria da República e da Polícia Federal realizada pela Operação Eficiência na quinta-feira, 26, contra a organização criminosa supostamente liderada pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) serviu de munição para o rival político do peemedebista e também ex-governador do Estado Anthony Garotinho (PR).
Em sua página pessoal "Blog do Garotinho", ele divulgou um texto na manhã desta sexta-feira, 27, intitulado "A Gangue do Cabral: ainda falta muita gente" e no qual o ex-governador afirma que "não chega a ser surpresa" nem o volume de US$ 100 milhões de propinas identificados pelo Ministério Público Federal nem as "pessoas presas".
Além de Cabral, estão presos em Bangu 8 seu ex-secretário de Obras Hudson Braga e seu ex-assessor e sócio na empresa SCF Comunicação Carlos Emanuel Miranda.
"Se somarmos todos os integrantes da quadrilha que desviou dinheiro do Estado nos últimos 10 anos, de todos os setores, a quantia vai ultrapassar em muito US$ 3 bilhões que se transformaram em fazendas, joias, mansões, vacas milionárias, embriões, offshores, castelos no exterior, iates e outras indecências, que o povo do Rio assistiu o saque de seu patrimônio hipnotizado por uma máquina de propaganda que fazia crer que o bandido era o mocinho do Estado", diz Garotinho, ele próprio investigado na Justiça Eleitoral sob acusação de liderar um esquema de compra de votos no município de Campos dos Goytacazes (RJ).
Garotinho ainda provoca e diz "estranhar" o fato de algumas pessoas ainda estarem soltas. "O que me estranha é o contrário. Como com tantas provas algumas pessoas ainda não estão presas", diz Garotinho.
Apesar das provocações, o rival de Cabral também chegou a ser preso no dia 16 de novembro do ano passado pela Polícia Federal e quase fez companhia ao peemedebista em Bangu.
Ele foi detido em sua residência no bairro do Flamengo, na capital fluminense, mas, por motivos de saúde,passou o primeiro dia em um hospital municipal e foi transferido, aos gritos, para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, no dia seguinte.
A permanência dele em Bangu não durou muito tempo, pois Garotinho precisou ser submetido a um cateterismo que foi realizado em um hospital particular.
No dia 18, a ministra Luciana Lóssio, do Tribunal Superior Eleitoral, determinou liminarmente que o ex-governador fosse para prisão domiciliar, decisão que foi referendada pelo plenário do TSE no dia 24 de novembro.
Solto, ele segue réu na Justiça Eleitoral e provocando seus adversários políticos. Garotinho chega a perguntar em seu blog quanto tempo "levará" para o governador do Rio Luiz Fernando Pezão (PMDB), o presidente da Assembleia do Rio, Jorge Picciani, e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio Régis Fichtner terem o mesmo destino de Cabral - a Polícia Federal e a Procuradoria da República não citam tais autoridades na Operação Eficiência.