Na Câmara e no STF, Moro será (de novo) o protagonista da semana
Ministro cancelou reunião com deputados por viagem aos EUA. Oposição quer sua convocação
Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2019 às 05h59.
Última atualização em 24 de junho de 2019 às 10h14.
O ministro da Justiça, Sergio Moro , deve continuar a ser o grande personagem político da semana, mesmo que não o queira. Moro adiou seu depoimento que estava marcado para a próxima quarta-feira na Câmara, alegando viagem aos Estados Unidos, onde fica até quarta-feira visitando órgãos de segurança e inteligência.
O ministro havia sido convidado para uma reunião conjunta com várias comissões da casa com o objetivo de falar sobre os diálogos entre ele e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Operação Lava-Jato em Curitiba, que vêm sendo divulgados pelo site The Intercept Brasil.
Na semana passada, Moro foi, também espontaneamente, à Comissão de Constituição e Justiça do Senado e respondeu a perguntas por quase nove horas num clima predominantemente ameno. Voltou a contestar a autenticidade dos áudios, mas disse que deixaria o governo se alguma irregularidade fosse comprovada. “Não tenho apego ao cargo”, afirmou.
A expectativa é que na Câmara o clima seria mais pesado para Moro. Segundo a vice-presidente da CCJ, Bia Kicis (PSL-DF), a audiência com o ministro deve ser remarcada para o dia 2 ou 3 de julho.
A ausência de Moro deve dar gás à oposição. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) disse que vai apresentar um requerimento de convocação ainda nesta segunda-feira. Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou, no Twitter, que o ministro “fugiu” depois de sua convocação ter sido transformada num convite.
Outro evento que deve dar gás à artilharia anti-Moro no Congresso é o depoimento do jornalista Glenn Greenwald, do Intercept, à Comissão de Direitos Humanos da Câmara, nesta terça-feira. Greenwald tem afirmado que continuará publicando reportagens com base em mensagens de Moro e dos procuradores. Neste domingo, ele publicou o primeiro texto em parceria com o jornal Folha de S. Paulo.
Para completar o protagonismo político da Lava-Jato na semana, na terça-feira a segunda turma do Supremo Tribunal Federal deve voltar a julgar um pedido da defesa de Lula de anulamento de ações contra o ex-presidente, alegando parcialidade de Sergio Moro. O julgamento foi iniciado no ano passado e o placar parcial é de 2 a 0 contra o pedido, com votos de Edson Fachin e Cármen Lúcia.
De lá pra cá, muita coisa mudou. O juiz virou ministro e, depois, vidraça. Seu destino político e judicial deve ser traçado nos próximos dias.