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Mutirão de Doria transfere mão de obra para "embelezar" cidade

A estratégia praticada é diferente da anunciada no fim de dezembro por Doria

João Doria: o prefeito afirmou que os 1.291 agentes fariam o trabalho como hora extra (Facebook/Reprodução)

João Doria: o prefeito afirmou que os 1.291 agentes fariam o trabalho como hora extra (Facebook/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de janeiro de 2017 às 10h12.

São Paulo - Funcionários que trabalham na Operação Cidade Linda, primeira ação do governo João Doria (PSDB) na cidade, estão sendo deslocados de suas atribuições em outros bairros para "embelezar" a região central.

A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo conversou com 14 agentes de varrição, recapeamento de calçadas e limpeza de pichações na terça-feira, 3, na Avenida 9 de Julho e na Praça 14 Bis, dois alvos da operação, e todos disseram que trabalhavam em seu horário regular, sem pagamento de hora extra.

A estratégia é diferente da anunciada no fim de dezembro por Doria. À época, o prefeito afirmou que os 1.291 agentes fariam o trabalho como hora extra, com o custo pago por dez concessionárias da cidade. Doria afirmou também que não haveria prejuízo aos serviços em outras regiões da capital.

Na prática, porém, as equipes de trabalho foram divididas. Os trabalhadores disseram que só trocaram o lugar onde dão expediente. "Ficou metade da equipe no ponto e metade aqui na avenida", disse um funcionário que atua na região da Sé, no centro da capital, no assentamento de calçadas.

Outro, da Penha, na zona leste, afirmou que não estão fazendo hora extra. "Deveriam contratar mais pessoas para fazer o serviço", disse.

Na Praça 14 Bis a situação é a mesma. Dois garis disseram à reportagem que não foram para a região onde dão expediente para participar do mutirão na segunda-feira, 2, que teve a participação simbólica de Doria vestido de gari, em sua primeira agenda pública.

Um terceiro gari, que varria o entorno da quadra onde ficam os moradores de rua da praça, disse que costuma trabalhar na Rua Augusta, mas na terça-feira, 3, trocou de posto.

O cronograma do Cidade Linda prevê ainda outras ações neste mês: na Avenida Paulista (nos dias 7 e 8), Avenida 23 de Maio (14 e 15), Avenida Santo Amaro (21 e 22) e Avenida Tiradentes (28 e 29).

Nos dois meses seguintes, também serão tratadas as avenidas Mateo Bei, Ipiranga, São Luís, Cruzeiro do Sul, Belmira Marin, as marginais do Tietê e do Pinheiros e o centro histórico.

Mato alto e lixo

A região da Nove de Julho, de fato, passou por melhorias. Calçadas tiveram os pisos substituídos e parte das pichações foram removidas. Durante a visita da reportagem, por volta das 11 horas, a passarela Doutor Nemr Jorge seguia pichada, além do viaduto Martinho Prado, também sem tratamento. O túnel 9 de Julho também tinha pichações.

O jornal O Estado de S. Paulo entrou em contato com a empresa Potenza Engenharia e Serviços, Molise - Serviços e Construções, responsáveis pelos funcionários terceirizados que trabalham nestas funções de zeladoria, mas não conseguiu resposta.

A Inova informa que possui equipes volantes para atendimento a eventos especiais, conforme requisito contratual. Essas equipes estão incorporadas nos serviços.

A Prefeitura informou que "a logística de todo o projeto São Paulo Cidade Linda, nessa primeira operação, foi estruturada exclusivamente pelas empresas prestadoras de serviço na área de zeladoria da cidade, por solicitação do então prefeito eleito".

De acordo com a nota, "o eventual deslocamento de funcionários não traz prejuízo à rotina de serviços prestados pelas empresas em toda a cidade". Por fim, a nota diz que "as horas extras foram assumidas pelas empresas, e a Prefeitura não dará nenhum subsídio por elas".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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