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Mulheres acusam médium João de Deus de abuso sexual

Nos relatos, as vítimas descreveram situações e métodos parecidos nos quais alegam terem sofrido os abusos

João de Deus: médium é famoso ao redor do mundo por tratamento espiritual (YouTube/Reprodução)

João de Deus: médium é famoso ao redor do mundo por tratamento espiritual (YouTube/Reprodução)

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Clara Cerioni

Publicado em 8 de dezembro de 2018 às 11h35.

Última atualização em 11 de dezembro de 2018 às 11h07.

São Paulo - No início da madrugada deste sábado (8), dez mulheres denunciaram terem sido sexualmente abusadas por João Teixeira de Faria, médium conhecido como João de Deus.

Famoso pela realização de “cirurgias espirituais”, ele já atendeu políticos, celebridades e altos funcionários públicos do Brasil e do mundo.

As denúncias foram ao ar durante o programa "Conversa com Bial", da TV Globo. De acordo com elas, os casos teriam acontecido no local onde o médium realiza seus atendimentos espirituais, na cidade de Abadiânia, interior de Goiás.

Em nota, enviada apenas para a TV Globo, João de Deus rechaçou "veementemente" as acusações.

"Ele me pediu para ficar de costas e começou a passar a mão pelo meu corpo. Eu fiquei incomodada e pensei: até que ponto você pode deixar um médium passar a mão pelo seu corpo?", disse uma das entrevistadas, cuja identidade foi mantida em anonimato.

Das dez pessoas que afirmara ter sofrido abusos de João de Deus, apenas quatro depoimentos foram exibidos - três deles sem a identificação das denunciantes.

A coreógrafa holandesa Zahira Leeneke Maus, que esteve no local de atendimento do médium em 2014, foi a única entrevistada que aceitou se identificar.

"Eu tinha medo de eles me mandarem espíritos ruins. Eu estava com muito medo. Agora me sinto protegida e sinto que a verdade tem de vir a tona", afirmou Zahira, que conversou com Pedro Bial nos estúdios do programa.

Nos relatos exibidos, as mulheres descreveram situações e métodos parecidos nos quais alegam terem sofrido os abusos.

"Ele pegava minha mão, pra eu pegar no pênis dele. E eu tirava a mão. E ele falava: 'você é forte, você é corajosa! O que você está fazendo tem um valor enorme'. Eu não estava fazendo nada, estava sendo abusada", disse uma das mulheres.

"Ele ficou muito próximo e mandou eu colocar a mão pra trás. Isso ele já estava com o pênis dele para fora. Ele falou: 'põe a mão. Isso é limpeza. Você precisa da minha energia, que só vem dessa maneira pra eu poder fazer a limpeza em você'", continuou.

João de Deus é um dos médiuns mais famosos do País e realiza, desde 1976, atendimentos e "cirurgias espirituais" na casa Dom Inácio Loyola, na pequena cidade de Abadiânia, em Goiás a 115 quilômetros de Brasília. Um documentário sobre sua vida foi lançado em maio deste ano. Veja imagens abaixo:

Políticos, celebridades e muitos estrangeiros se interessam pelo trabalho do médium. Em 2012, João de Deus recebeu a apresentadora Oprah Winfrey para uma entrevista em Abadiânia.

A assessoria de imprensa do médium disse que "apesar de não ter sido informado dos detalhes da reportagem, ele rechaça veementemente qualquer prática imprópria em seus atendimentos".

Mais vítimas

Além das dez mulheres vítimas do médium, mais duas também já denunciaram terem sido abusadas sexualmente durante sessões de João de Deus. As entrevistas foram dadas ao jornal O Globo.

A primeira vítima, uma paranaense que pediu para não ser identificada, conta que o médium sabia que poderia ser acusado:

"Uma hora eu abri os olhos rapidamente, insegura, e percebi que a camisa dele estava meio aberta. Ele foi guiando a minha mão e, de repente, senti algo encostar na parte de baixo da minha mão: era o pênis dele. Eu tirei a mão, me assustei. A última coisa que você quer acreditar é que um líder espiritual está te abusando. Então ele disse: 'eu sei muito bem o que estou fazendo e que isso seria considerado assédio, eu não sou louco'. Dizia que estava me livrando das energias negativas, me tirando da solidão. Em um determinado momento, disse que não era mais a entidade ali, que era o homem", relatou ao jornal.

A segunda conta que João, notando que ela estava assustada, disse: "calma, eu não estou com tesão, mas preciso fazer isso para te curar".

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