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MST ocupa fábrica da Nestlé em MG contra privatização da água

A ação denuncia a entrega das águas às corporações internacionais, conduzida a passos largos pelo governo de Michel Temer, afirmou o MST

A Nestlé se estabeleceu aqui há décadas e faz a exploração predatória e inclusive irregular, afirmou a diretora do MST (Página do MST/Divulgação)
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EFE

Publicado em 20 de março de 2018 às 14h56.

Última atualização em 20 de março de 2018 às 15h57.

Brasília - Aproximadamente 600 mulheres do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) ocuparam uma fábrica de água mineral da Nestlé em São Lourenço, Minas Gerais, nesta terça-feira em protesto contra a privatização da água, o que, segundo o grupo, é negociado no 8º Fórum Mundial da Água que acontece em Brasília.

De acordo com o comunicado divulgado pelo MST, o objetivo da ação é fazer um alerta sobre as "negociatas que ocorrem neste momento no Fórum Mundial das Águas, em Brasília". O grupo entrou no local às 6h. Conforme o texto, elas denunciam a "entrega das águas às corporações internacionais, conduzida a passos largos pelo governo golpista de Michel Temer".

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Em declarações à Agência Efe, Maria Gomes de Oliveira, da direção de MST, disse que o Fórum "promove mesas de negociações com presidentes de corporações, como Nestlé e Coca Cola", que se disfarçam de "marketing sustentável" para enganar às pessoas.

"A Nestlé se estabeleceu aqui há décadas e por décadas faz a exploração predatória e inclusive irregular. A água é um bem comum da humanidade, defendê-la é questão de soberania", disse ela.

Maria afirmou ser "muita petulância fazer um fórum internacional para comercializar nossas reservas de água".

De acordo com o comunicado do movimento, em janeiro de 2018 Temer e o presidente de Nestlé, Paul Bulcke, se reuniram para discutir a exploração do Aquífero Guarani, uma reserva que abrange quatro países (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai).

"A empresa, que controla 10,5% do mercado mundial de água, está instalada na cidade mineira desde 1994, quando comprou as fontes e o Parque das Águas de São Lourenço. Desde 1997, a população local denuncia a exploração das águas minerais que, antes de serem privatizadas, eram amplamente utilizadas para tratamentos medicinais. Além da redução da vazão, nota-se a mudança no sabor da água, ou seja, a exploração está fazendo com que ela perca seus sais minerais", informou o grupo no texto.

Outro lado

A Nestlé enviou seu posicionamento ao site EXAME. Leia a íntegra abaixo.

"A Nestlé Waters informa que a unidade da empresa em São Lourenço (MG) foi ocupada na manhã do dia 20/03 por manifestantes e que parte de suas instalações foi atingida durante o ato. Não houve feridos. A companhia reitera que respeita a liberdade de expressão e opinião, mas lamenta que a manifestação tenha gerado danos nas instalações, local de trabalho de mais de 80 colaboradores.

A Nestlé informa, ainda, que está totalmente comprometida com a administração sustentável dos recursos hídricos e o direito humano à água. Em todos os locais onde extrai água, realiza estudos de recursos hídricos e monitora frequentemente as retiradas para garantir que não afetem as bacias hidrográficas locais e os aquíferos.

A companhia não extrai água de qualquer parte do Aquífero Guarani na América do Sul, inclusive no Brasil. Não temos planos para extração no aquífero e nem discutimos esse assunto com as autoridades brasileiras. As informações que dizem o contrário são incorretas. "

Matéria atualizada às 16h para inclusão do posicionamento da companhia.

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