MPF vai apurar se presidente da Samarco teve conduta ilícita
O MPF instaurou procedimento investigatório criminal para apurar eventual conduta ilícita do atual diretor-presidente da mineradora Samarco, Roberto Carvalho
Da Redação
Publicado em 13 de julho de 2016 às 17h57.
Rio de Janeiro - O Ministério Público Federal (MPF) instaurou procedimento investigatório criminal para apurar eventual conduta ilícita do atual diretor-presidente da mineradora Samarco , Roberto Carvalho.
A decisão foi tomada pela Força Tarefa que investiga o rompimento da barragem de rejeitos da mineradora em Mariana (MG) , em novembro do ano passado, considerado o pior desastre ambiental da história do Brasil.
O rompimento liberou uma onda de lama, que deixou 19 mortos, centenas de desabrigados e poluiu o rio Doce, percorrendo diversas cidades até chegar ao mar capixaba.
Em nota enviada à imprensa, o MPF afirmou que a Samarco não cumpriu plenamente nenhuma das ações emergenciais de precaução ambiental exigidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e de Recursos Renováveis (Ibama).
"A conduta omissiva do presidente da empresa pode configurar crimes ambientais da Lei 9.605/98", afirmou o MPF.
Procurada, a Samarco não respondeu imediatamente.
O órgão federal destacou que a empresa não conteve ainda os 24,8 milhões de metros cúbicos de rejeitos "que continuam espalhados pela área atingida e correspondem a 77 por cento do total que foi lançado da Barragem de Fundão em novembro".
O MPF afirmou que as estruturas de contenção de rejeitos construídas pela Samarco não serão suficientes e que 2,8 milhões de metros cúbicos de lama continuarão a ser carreados rio abaixo pelo menos até março do ano que vem.
Segundo o MPF, o Ibama entregou a Carvalho em junho uma Nota Técnica informando que, das 11 medidas de precaução sugeridas pelo órgão ambiental, quatro foram parcialmente adotadas e sete foram integralmente ignoradas pela empresa.
Dentre as questões apresentadas no relatório, o MPF reforçou que a Samarco não apresentou projetos para controle da erosão e reconformação dos cursos dágua no trecho entre a Barragem de Fundão e a Usina Hidrelétrica Risoleta Neves.
O MPF explicou que, na instauração do procedimento, oficiou ao Ibama orientando-o a incluir as donas da Samarco --a brasileira Vale e a anglo-australiana BHP Billiton-- como corresponsáveis solidárias pelo desastre, "em todas as notificações e autos de infração lavrados em decorrência do rompimento da barragem de Fundão".
O Ibama já lavrou 26 notificações à Samarco por descumprimento das medidas, de acordo com o MPF.