Temer: o governo federal havia resolvido não atender a recomendação do MPF de trocar todos os vice-presidentes da Caixa (Adriano Machado/Reuters)
Reuters
Publicado em 16 de janeiro de 2018 às 16h27.
Última atualização em 16 de janeiro de 2018 às 16h35.
Brasília- O Ministério Público Federal (MPF) em Brasília encaminhou um novo ofício ao presidente Michel Temer em que reforça recomendação já feita para que ele destitua vice-presidentes da Caixa Econômica Federal sob pena de ele próprio ser responsabilizado na Justiça.
Os procuradores da República afirmam que o prazo final para acolhimento da sugestão --de trocar os vices e escolher novos por processo seletivo idôneo-- é o dia 26 de fevereiro e que, se isso não ocorrer, poderá haver implicações a Temer.
"Esclarece-se desde já que, caso não seja observada a recomendação, eventuais novos ilícitos cometidos pelos atuais vice-presidentes da Caixa Econômica Federal poderão gerar a responsabilização civil de Vossa Excelência, por culpa in eligendo (por ter escolhido a pessoa errada, em tradução livre)", diz o ofício.
Na semana passada, reportagem da Reuters com fontes familiarizadas com o assunto mostrou que o governo federal havia resolvido não atender a recomendação do MPF de trocar todos os vice-presidentes da Caixa, em uma decisão tomada por Temer.
Em nota enviada ao MPF, a Casa Civil informou na ocasião que não tinha competência para demitir ou nomear dirigentes do banco público, uma atribuição da presidência do órgão.
A Caixa, por sua vez, afirmou em comunicado que "inexiste fato concreto que reforce a necessidade de substituição dos atuais vice-presidentes".
Disse ainda que respondeu ao MPF que tem um sistema de governança "adequado à Lei das Estatais, fazendo com que a maior parte das recomendações (do MPF) já estejam implementadas, em implementação ou em processo de estudo pelas suas instâncias decisórias, antes mesmo de qualquer manifestação do MPF".
A Caixa tem 12 vice-presidentes, sendo que quatro, além do presidente, Gilberto Occhi, estão sendo investigados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. O pedido de afastamento dos dirigentes foi feito em dezembro e assinado pelas forças-tarefa das operações Greenfield, Cui Bono e Sépsis --as duas últimas derivadas da primeira.
As diretorias da Caixa estão divididas entre indicações feitas pelo MDB, PR, PRB e o PP, partido de Gilberto Occhi. O Palácio do Planalto resiste a fazer mudanças que podem desagradar os partidos da base em um momento em que ainda tenta convencer os parlamentares a aprovar a reforma da Previdência.