Morte violenta de jovens cresce no Nordeste
Já no Sudeste e no Sul, houve redução da quantidade de mortes, por conta dos ganhos sociais e redução da desigualdade
Estadão Conteúdo
Publicado em 15 de novembro de 2017 às 10h04.
São Paulo - As estatísticas do IBGE mostram ainda um contraste nas mortes por causas externas - como homicídios, suicídios, atropelamentos e acidentes - no grupo etário masculino de 15 a 24 anos.
Esse número caiu significativamente em Estados como São Paulo, Rio, Espírito Santo e Santa Catarina na última década. Mas cresceu 171% na Bahia. Outros Estados do Nordeste e do Norte também registraram aumentos expressivos.
A tendência já vinha sendo apontada em outros levantamentos. A redução da quantidade de mortes no Sudeste e no Sul estaria relacionada aos ganhos sociais e à redução da desigualdade.
"Normalmente, a questão dos homicídios não está ligada à pobreza, mas sim ao desemprego e à desigualdade", explica o economista Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas (FGV). "No caso do Nordeste, há um certo mistério porque as condições de vida melhoraram. Mas é algo que já vinha sendo notado."
A mortalidade masculina é maior do que a feminina ao longo de toda a vida, mas a diferença é mais acentuada entre os jovens. Considerando apenas os óbitos por causas externas, um brasileiro de 20 anos tinha, em 2016, 11 vezes mais chance de não completar os 25 anos do que uma mulher.
Envelhecimento
Por fim, o levantamento mostra um aumento do número de mortes em geral no Brasil. Foram 1.270.898 óbitos no ano passado, 3,5% a mais do que em 2015 e 24,7% a mais do que em 2006. Segundo a gerente da pesquisa, Klívia Brayner de Oliveira, os resultados refletem as mudanças do perfil demográfico do País, com o gradual envelhecimento da população e a redução da mortalidade infantil.
Em 1976, por exemplo, a parcela da população que mais morria era a de menores de 5 anos (34,7%). Hoje, a mortalidade infantil corresponde a menos de 3% dos óbitos. A proporção de mortes entre os maiores de 65 anos mais que dobrou no mesmo período, passando de 29,1% em 1976 para 58,5%, 40 anos depois. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.