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Morre ex-ministra Nilcéa Freire, aos 67 anos

Ex-reitora da UERJ esteve à frente da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e implementou sistema de cotas na universidade estadual

Nilceia Freire: ex-ministra foi a primeira mulher a ocupar o cargo de reitora na Universidade do Estado do Rio (Uerj), onde implementou o sistema de cotas (Antonio Cruz/Agência Brasil)
AO

Agência O Globo

Publicado em 29 de dezembro de 2019 às 10h18.

Última atualização em 29 de dezembro de 2019 às 16h10.

Rio de Janeiro — A ex-ministra Nilcéa Freiremorreu na noite do último sábado aos 67 anos, no Rio de Janeiro . Carioca, pesquisadora e médica, Nilcéa esteve à frente da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela também foi a primeira mulher a ocupar o cargo de reitora na Universidade do Estado do Rio (Uerj), onde implementou o sistema de cotas.

A morte da ex-ministra foi confirmada pelo PT do Rio de Janeiro. Durante os anos que esteve no comando da secretaria, Nilcéa aprovou grandes avanços nas políticas públicas voltadas para mulheres.

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Ela esteve à frente do processo de discussão e articulação para a promulgação da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), cuja implementação seguiu defendendo mesmo após deixar a pasta, integrando o grupo de interlocução da Organização das Nações Unidas - ONU Mulheres Brasil - sobre a avaliação da implementação da lei.

Nilcéa tinha um câncer no sistema nervoso. O velório será na próxima segunda-feira, na Capela Ecumênica da Uerj, às 10h. A ex-ministra deixa dois filhos.

"Foi uma mulher decisiva em uma série de agendas pelos direitos das mulheres brasileiras em colaboração com as mulheres do mundo. Exemplar no exercício de funções públicas, deixa legado honroso. É uma inspiração para muitas mulheres e meninas no Brasil e no mundo", disse, em nota, a representante da ONU Mulheres Brasil, Anastasia Divinskaya.

Pelas redes sociais, políticos lamentaram a morte da ex-ministras. A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), com quem Nilcéa firmou parcerias ao longo de sua carreira, homenageou a pesquisadora.

"Sem palavras para a notícia da morte da querida Nilcéia Freire. Triste demais saber que partiu tão cedo. Sempre fez parte das fileiras daqueles que não se acomodam com as injustiças do mundo. Foi ministra das Mulheres, ativista, sempre atuante na causa feminista. Muita falta!", escreveu a deputada.

A ex-presidente Dilma Rousseff também comentou sobre a morte de Nilcéa, a quem chamou de "brava lutadora":

"Nilcéa foi uma brava lutadora. Deixa grande lacuna em todas as lutas populares e do feminismo brasileiro. Fará enorme falta, mas sua vida servirá sempre de exemplo e estímulo a que continuemos trilhando o caminho da resistência ao autoritarismo, à misoginia e à exclusão social."

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) emitiu uma nota de pesar pela morte da ex-ministra e lembrou que atuação progressista de Nilcéa chegou a ser alvo da repressão durante a Ditadura:

"O ônus de sua luta por igualdade social também teve vez: quando mais jovem, Nilcéa chegou a ser ameaçada por órgãos de repressão no decorrer da Ditadura Militar e viveu exilada no México entre 1975 e 1977. Ao retornar às terras brasileiras, não regrediu: a pesquisadora se engajou em movimentos pela redemocratização e começou a atuar como professora do Departamento de Patologia da Uerj e, em paralelo à prática acadêmica, representou os docentes em diversos conselhos."

Também em nota, a Fundação Ford exaltou a trajetória de Nilcéa — "uma lutadora incansável pela democracia e pelos direitos humanos, em especial o das mulheres", diz trecho — com destaque para o trabalho dela junto à entidade.

"Como representante da Fundação Ford no Brasil, Nilcéa apoiou iniciativas essenciais para o avanço dos direitos das mulheres e da população negra. Nesse momento de perda, a Fundação Ford se solidariza com filhos, netos, familiares e amigos de Nilcéa Freire e celebra a trajetória dessa que foi uma destacada lutadora pela igualdade e direitos de todas as pessoas", afirma o texto emitido pela Ford.

(Com Agência Brasil)

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