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Morre Eunice Paiva, ativista do movimento pelos desaparecidos na ditadura

Eunice passou mais de 40 anos em busca de esclarecimentos sobre a morte do marido, que nunca teve o corpo encontrado. Teve a vida retratada em livro

Eunice Paiva: Eunice teve participação ativa no processo de redemocratização do país. Formou-se em Direito após os 40 anos (Instituto Vladimir Herzog/Acervo/Reprodução)

Eunice Paiva: Eunice teve participação ativa no processo de redemocratização do país. Formou-se em Direito após os 40 anos (Instituto Vladimir Herzog/Acervo/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de dezembro de 2018 às 19h17.

Última atualização em 13 de dezembro de 2018 às 19h18.

São Paulo - Morreu na tarde desta quinta-feira, 13, aos 86 anos, a advogada Eunice Paiva, uma das protagonistas do movimento por buscas de desaparecidos no regime militar no Brasil. Mulher do deputado cassado Rubens Paiva, assassinado em 1971, e mãe de cinco filhos - entre eles o escritor Marcelo Rubens Paiva, -, Eunice passou mais de 40 anos em busca de esclarecimentos sobre a morte do marido, que nunca teve o corpo encontrado. Teve a vida retratada no livro "Ainda Estou Aqui", do filho Marcelo.

Ao lado da estilista Zuleika Angel Jones, a Zuzu Angel, de Crimeia de Almeida, Inês Etienne Romeu, Cecília Coimbra, entre outras mulheres, liderou campanhas pela abertura de arquivos sobre vítimas do regime. Foi a pesquisa independente de Eunice e da família, em grande parte, que levou ao esclarecimento do caso após décadas.

Rubens Paiva foi recolhido pela polícia no dia 20 de janeiro de 1971 na casa em que morava com a família no bairro do Leblon, do Rio de Janeiro. Foram décadas de informações desencontradas e espera até que o caso fosse esclarecido.

A família só conseguiu um atestado que oficializasse a morte em 1996, e só então foi possível acessar contas bancárias, executar apólices de seguro, negociar imóveis. A primeira prova objetiva de seu assassinado só foi encontrada 41 anos depois, em novembro de 2012, com uma ficha que confirmava sua entrada em uma unidade do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi).

Eunice teve participação ativa no processo de redemocratização do país, a partir de 1985. Se formou em Direito depois dos 40 anos e, segundo a família, devotava paixão pelas ciências jurídicas. Um símbolo na defesa da preservação da memória no país, foi vítima de Alzheimer no fim da vida.

O velório ocorre na região da Bela Vista, em São Paulo, e o enterro será amanhã no Cemitério do Araçá.

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