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Morre em Alagoas último cangaceiro do bando de Lampião

O sepultamento de José Alves de Matos aconteceu no final da tarde desta segunda-feira, 16, no cemitério Campo Santo Parque das Flores, na capital alagoana

Bando de Lampião: José Alves ingressou no grupo do cangaceiro em 25 de dezembro de 1937 (Wikimedia Commons)
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Da Redação

Publicado em 16 de junho de 2014 às 18h10.

Maceió - O servidor público aposentado José Alves de Matos, de 97 anos, morreu na manhã deste domingo, 15, em sua residência, na cidade de Maceió, vítima de insuficiência respiratória.

Natural de Paripiranga (BA), a 264 km de distância de Salvador, o funcionário era conhecido por ser o último cangaceiro vivo do bando de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, que dominou o sertão nordestino entre as décadas de 1920 e 1930.

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Seu sepultamento aconteceu no final da tarde desta segunda-feira, 16, no cemitério Campo Santo Parque das Flores, na capital alagoana.

José Alves ingressou no grupo do cangaceiro no dia 25 de dezembro de 1937, aos 20 anos, depois de se dizer perseguido pelas polícias da Bahia, Alagoas e Pernambuco.

"Naquele tempo os civis apanhavam mais da polícia do que os cangaceiros", conta a historiadora pernambucana Aglae Lima de Oliveira, autora do livro "Lampião, Cangaço e Nordeste", atualmente fora de catálogo.

"Tinha oito parentes no bando, inclusive José Sereno, seu primo", acrescenta.

O dia em que entrou para o bando de Lampião lhe valeu o apelido de Vinte e Cinco.

Preso pela polícia alagoana pouco mais de um ano depois de ingressar no cangaço, José Alves de Matos foi alfabetizado na cadeia, o que contribuiu para que ele passasse em um concurso público para guarda municipal, segundo sua neta Juliana Matos Galvão.

"Se havia algo que ele mais prezava em vida eram os estudos", lembra a neta, formada em Relações Públicas graças ao incentivo do avô.

"Tenho orgulho disso. Uma pena que ele não pôde comparecer à minha formatura, por já se encontrar doente", lamenta a jovem.

"Era um ser humano inteligentíssimo", lembra o pesquisador baiano João de Souza Lima".

Com seis obras publicadas sobre o cangaço, João de Souza informa que conheceu Vinte e Cinco em 2005, por meio de um amigo comum.

"Costumávamos conversar muito e numa dessas conversas ele revelou que o motivo que o fez ingressar no cangaço foi o fato de a polícia ter violentado familiares seus", conta.

José Alves, que era aposentado como servidor do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Alagoas, foi casado por mais de 50 anos com Mariza da Silva Matos e deixou seis filhos e 16 netos.

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