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Moro: tentativa de acabar com a Lava-Jato representa a volta da corrupção

Declaração aconteceu após a afirmação de Bolsonaro de que ele acabou com a operação pois "não há mais corrupção no governo"

Sergio Moro: ex-ministro da Justiça e Segurança Pública também reagiu à fala de Bolsonaro (Ueslei Marcelino/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de outubro de 2020 às 16h56.

Última atualização em 8 de outubro de 2020 às 22h23.

Os integrantes da força-tarefa da Lava-Jato do Paraná divulgaram nota nesta quinta, 8, após a afirmação do presidente Jair Bolsonaro de que ele acabou com a operação pois "não há mais corrupção no governo".

Em nota, os procuradores apontaram que o discurso do chefe do Executivo indica "desconhecimento sobre a atualidade dos trabalhos e a necessidade de sua continuidade", porém, mais que isso "reforça a percepção sobre a ausência de efetivo comprometimento com o fortalecimento dos mecanismos de combate à corrupção".

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"A Lava-Jato é uma ação conjunta de várias instituições de Estado no combate a uma corrupção endêmica e, conforme demonstram as últimas fases dos trabalhos, ainda se faz essencialmente necessária", afirmou ainda a força-tarefa, lembrando que horas antes da declaração do presidente, a 76ª fase da operação apreendeu quase 4 milhões de reais na casa de um ex-funcionário da Petrobras sob suspeita de receber propinas.

A força-tarefa disse que o apoio da sociedade e a "adesão efetiva e coerente de todos os Poderes da República" são fundamentais para que os esforços das investigações tenham êxito. "

Os procuradores da República designados para atuar no caso reforçam seu compromisso na busca da promoção de justiça e defesa da coisa pública, papel constitucional do Ministério Público, apesar de forças poderosas em sentido contrário", registrou a nota divulgada pelo Ministério Público Federal do Paraná.

A declaração de Bolsonaro ocorreu na tarde de quarta, 7, em resposta às críticas de lavajatistas por ter se aproximado de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que se posicionam contrários à operação tocada pelo ex-juiz Sergio Moro.

O presidente tem sido criticado pela indicação do desembargador Kassio Nunes para a vaga do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal. O nome do magistrado foi chancelado por Gilmar Mendes e Dias Toffoli, que mantém posicionamentos críticos à Lava-Jato, e tem o apoio de parlamentares do chamado Centrão, atingido pela força-tarefa nos últimos cinco anos.

"É um orgulho, é uma satisfação que eu tenho, dizer a essa imprensa maravilhosa que eu não quero acabar com a Lava-Jato. Eu acabei com a Lava-Jato, porque não tem mais corrupção no governo. Eu sei que isso não é virtude, é obrigação", disse o presidente no Palácio do Planalto nesta tarde, quando discursava no lançamento do Programa Voo Simples, do Ministério da Infraestrutura, que promete modernizar as regras de aviação no país.

A afirmação se deu momentos depois de os ministros do STF decidirem alterar o regime interno para que ações penais e inquéritos voltem a ser analisados pelo plenário e não mais pelas duas turmas de julgamento. A mudança foi proposta pelo presidente do STF, ministro Luiz Fux, e é visto como uma reação para blindar a Lava-Jato.

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro também reagiu à fala de Bolsonaro indicando que tentativas de "acabar com a Lava-Jato" representam "a volta da corrupção". "As tentativas de acabar com a Lava-Jato representam a volta da corrupção. É o triunfo da velha política e dos esquemas que destroem o Brasil e fragilizam a economia e a democracia. Esse filme é conhecido. Valerá a pena se transformar em uma criatura do pântano pelo poder?", afirmou Moro em seu perfil no Twitter.

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