Brasil

Moro diz ser “lamentável” ação de Lula contra PF

"Lamentável que autoridades públicas, no exercício de seu dever legal, fiquem sujeitas a retaliações por parte de investigados", disse Moro

Moro: o próprio Moro é alvo de uma ação movida pela defesa de Lula por abuso de autoridade (Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil/Agência Brasil)

Moro: o próprio Moro é alvo de uma ação movida pela defesa de Lula por abuso de autoridade (Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de dezembro de 2016 às 20h55.

São Paulo - "Lamentável que autoridades públicas, no exercício de seu dever legal, fiquem sujeitas a retaliações por parte de investigados ou acusados que confundem o exercício do dever funcional com ilícitos."

Assim o juiz federal Sérgio Moro, dos processos em primeira instância da Operação Lava Jato, deferiu acesso à Advocacia-Geral da União, em despacho desta quinta-feira, 8, para que ela defenda a Polícia Federal em ação movida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contra a equipe de investigações do caso Petrobras.

O próprio Moro é alvo de uma ação movida pela defesa de Lula por abuso de autoridade.

Lula foi indiciado pela PF em julho e é alvo de pelo menos outros quatro inquéritos da Lava Jato em Curitiba. Sua defesa moveu ação de indenização contra o delegado Filipe Hille Pace, em que cobra R$ 100 mil por danos morais.

O petista pede reparação pela associação de seu nome ao "Amigo", identificado nas planilhas de propinas da Odebrecht.

No despacho, o juiz da Lava Jato informa que a autoridade policial comunicou o juízo que Lula, por meio de seus advogados de defesa, moveram ação de indenização contra um delegado "em decorrência de atos praticados no exercício de sua função".

A ação nº 1027158-14.2016.8.26.0564 tramita na 5ª Vara Cível, em São Bernardo do Campo (SP).

A AGU, que assumiu a defesa da equipe da Lava Jato, pediu acesso a dois procedimentos criminais sob a guarda de Moro.

"O interesse público reclama o deferimento do requerido para que a defesa da autoridade policial não fique prejudica, já que a demanda não é apenas contra ela, mas também contra o serviço policial federal", registra Moro, em seu despacho, em que deferiu acesso à AGU, aos autos.

Danos morais

A defesa do ex-presidente Lula quer que o delegado da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba pague ao petista R$ 100 mil por danos morais após afirmar, no relatório de indiciamento do ex-ministro Antonio Palocci, que o codinome "Amigo" na planilha de propinas encontrada com executivos da Odebrecht seria uma referência ao ex-presidente.

"O réu inseriu em documento público afirmação ofensiva e mendaz relativa ao autor - sobre tema que sequer estava sob sua esfera funcional", assinalam os criminalistas Roberto Teixeira, Cristiano Zanin Martins, Maria de Lourdes Lopes e Mauro Roberto G. Aziz, que defendem o petista.

"Tal fato teve grande repercussão em São Bernardo do Campo, onde reside o autor, assim como em todo Brasil e no exterior", segue a ação.

Pace indiciou Palocci em outubro, o ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht e outros quatro investigados por corrupção no inquérito da Lava Jato que apura se o ex-ministro teria atuado para beneficiar a empreiteira no governo federal.

"Luiz Inácio Lula da Silva era conhecido pelas alcunhas de 'Amigo de meu pai' e 'Amigo de EO', quando usada por Marcelo Bahia Odebrecht e, também, por 'Amigo de seu pai' e 'Amigo de EO', quando utilizada por interlocutores em conversas com Marcelo Bahia Odebrecht", diz o relatório do delegado.

Acompanhe tudo sobre:Luiz Inácio Lula da SilvaOperação Lava JatoSergio Moro

Mais de Brasil

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP

Governos preparam contratos de PPPs para enfrentar eventos climáticos extremos