Moro diz que Lula adotou "táticas de intimidação"
O juiz federal declarou que Lula, por meio de seus defensores, fustiga investigadores e repórteres com ações de indenização, ainda que sem êxito
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de julho de 2017 às 15h37.
Última atualização em 12 de julho de 2017 às 17h17.
São Paulo - Ao condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o juiz federal Sérgio Moro atribuiu ao petista "táticas de intimidação".
"Como defesa na presente ação penal, tem ele (Lula), orientado por seus advogados, adotado táticas bastante questionáveis, como de intimidação do ora julgador, com a propositura de queixa-crime improcedente, e de intimidação de outros agentes da lei, Procurador da República e Delegado, com a propositura de ações de indenização por crimes contra a honra", assinalou o magistrado.
Moro anotou que desde que se tornou alvo da Operação Lava Jato, Lula, por meio de seus defensores, fustiga investigadores e repórteres com ações de indenização, ainda que sem êxito.
"Até mesmo promoveu ação de indenização contra testemunha e que foi julgada improcedente, além de ação de indenização contra jornalistas que revelaram fatos relevantes sobre o presente caso, também julgada improcedente."
O juiz da Lava Jato aponta, ainda, para "declarações públicas no mínimo inadequadas sobre o processo". Moro se referiu a afirmações de Lula de que poderá retaliar os procuradores da força-tarefa do Ministério Público Federal e os delegados de Polícia Federal que o acusam.
"Por exemplo, sugerindo que se assumir o poder irá prender os procuradores da República ou delegados da Polícia Federal (05 de maio de 2017, 'se eles não me prenderem logo quem sabe um dia eu mando prendê-los pelas mentiras que eles contam'. Essas condutas são inapropriadas e revelam tentativa de intimidação da Justiça, dos agentes da lei e até da imprensa para que não cumpram o seu dever."
Moro considera que poderia mandar prender o ex-presidente. Mas assegurou a Lula o direito de recorrer em liberdade.
"Considerando que a prisão cautelar de um ex-presidente da República não deixa de envolver certos traumas, a prudência recomenda que se aguarde o julgamento pela Corte de Apelação antes de se extrair as consequências próprias da condenação. Assim, poderá o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentar a sua apelação em liberdade."