Brasil

Mísseis de longo alcance dos EUA na Alemanha apontam para um retorno à 'guerra fria', diz Kremlin

A medida, que marca o retorno dos mísseis de cruzeiro americanos à Alemanha após uma ausência de 20 anos, gerou críticas até mesmo no Partido Social-Democrata (SPD) de Scholz

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 11 de julho de 2024 às 18h59.

Última atualização em 11 de julho de 2024 às 19h22.

Tudo sobreEstados Unidos (EUA)
Saiba mais

O Kremlin condenou nesta quinta-feira a decisão dos Estados Unidos de implantar pontualmente mísseis de longo alcance na Alemanha, denunciando o que chamou de um “retorno à guerra fria” em meio ao conflito entre Rússia e Ucrânia, apoiado pelas potências ocidentais. À televisão estatal, o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, disse que, além de Berlim e Washington, França e Reino Unido também estão “diretamente envolvidos no conflito” em Kiev.

CPI mais fraco nos EUA impulsiona aposta por três cortes de juros ainda neste ano

"Todas as características da guerra fria reapareceram, com um enfrentamento, um confronto direto," disse Peskov. "Tudo isso está sendo realizado para garantir nossa derrota estratégica no campo de batalha. Isso não é motivo para ser pessimista, pelo contrário. É motivo para nos unirmos, utilizarmos nosso enorme potencial e cumprirmos todos os objetivos que estabelecemos no âmbito da operação militar especial [na Ucrânia]."

Anúncio da Casa Branca e reação alemã

A Casa Branca anunciou que, a partir de 2026 e de forma pontual, os Estados Unidos descarregarão um novo armamento na Alemanha — o que permitirá ataques a distâncias maiores do que com os sistemas americanos colocados atualmente na Europa. Nesta quinta-feira, o chefe do governo alemão, Olaf Scholz, defendeu a decisão diante do crescente temor de uma nova corrida armamentista em seu país.

A medida, que marca o retorno dos mísseis de cruzeiro americanos à Alemanha após uma ausência de 20 anos, gerou críticas até mesmo no Partido Social-Democrata (SPD) de Scholz. O chanceler alemão afirmou que se trata de uma decisão “necessária e importante”, tomada “no momento adequado” e que “garante a paz”.

O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, declarou que a decisão preenche uma lacuna nas capacidades de seu país, que carece de mísseis de longo alcance capazes de serem lançados de terra. Apesar disso, o anúncio provocou indignação na Alemanha, onde a presença de mísseis americanos traz dolorosas lembranças da guerra fria. Ralf Stegner, deputado do SPD de Scholz, disse que isso poderia estar dando início a uma nova “corrida armamentista”.

"Isso não tornará o mundo mais seguro. Pelo contrário, estamos entrando em uma espiral na qual o mundo se tornará cada vez mais perigoso," advertiu o deputado.

Sahra Wagenknecht, uma figura destacada da esquerda alemã, afirmou que o envio de mísseis americanos “aumenta o perigo de que a própria Alemanha se torne um teatro de guerra”.

Reação do Kremlin

O Kremlin anunciou que a Rússia avalia medidas para “contra-atacar a séria ameaça” da Otan. O comunicado foi feito após a cúpula da aliança ocidental anunciar que o reconhecimento da adesão de Kiev ao bloco tomou “um caminho irreversível”. Peskov disse que Moscou analisa “com muito cuidado” as decisões que foram tomadas durante a reunião nos EUA, afirmando que esta é “uma ameaça muito séria para a segurança nacional”.

"Isso nos obrigará a adotar medidas estudadas, coordenadas e eficazes para contra-atacar a Otan," ressaltou.

Medidas da Otan e reação ucraniana

Ao fim do segundo dia da reunião de cúpula de 75 anos da aliança, os aliados da Otan anunciaram uma série de medidas. Um dos principais pontos foi o reforço do apoio à Ucrânia, com a confirmação do envio de caças F-16, baterias de defesa antiaérea e o reconhecimento de que Kiev caminha para ser um país-membro da aliança. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse estar “confiante” de que a ajuda protegerá “melhor os ucranianos dos brutais ataques russos”.

Zelensky se referia ao ataque contra o maior hospital pediátrico do país, ocorrido na segunda-feira, quando mais de 40 pessoas morreram. Na ocasião, o Exército russo alvejou cinco regiões ucranianas com mísseis de diferentes tipos. O Ministério da Defesa da Rússia disse que os alvos eram postos de defesa da Ucrânia e bases aéreas militares. O órgão negou ter instalações civis como alvo e alegou, sem provas, que o dano em Kiev foi causado por um míssil de defesa aérea ucraniano.

(Repercussão da AFP na Agência O Globo)

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)Alemanha

Mais de Brasil

PF indicia Bolsonaro, Heleno, Braga Netto e mais 34 pessoas por tentativa de golpe de Estado

Lula comenta plano golpista para matá-lo: 'A tentativa de me envenenar não deu certo'

Às vésperas da decisão no Congresso, EXAME promove webinar sobre a regulação da reforma tributária

Governo Tarcísio é aprovado por 68,8% e reprovado por 26,7%, diz Paraná Pesquisas