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Míriam Leitão é nova jornalista vítima de ataques nesta eleição

Jornalista da Rede Globo virou alvo de patrulhas após afirmar que Jair Bolsonaro é risco à democracia. Mais de 120 jornalistas já foram vítimas de ataques

MÍRIAM LEITÃO NO BOM DIA BRASIL: “Muita gente compara os dois [Bolsonaro e o PT], mas eles não são equivalentes” / Reprodução/ TV Globo
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2018 às 15h41.

Última atualização em 26 de outubro de 2018 às 12h03.

Defensores de Jair Bolsonaro (PSL) estão divulgando uma imagem da jornalista Miriam Leitão, da Rede Globo, datada de seu fichamento durante a ditadura militar. “Presa assaltando banco portando um revólver calibre 38… Essa é a Miriam Leitão”, afirma o texto com fotos da jornalista da época.

Porém, a jornalista nunca foi presa e processada por roubo a mão armada. A informação falsa sugere que Miriam teria participado de um assalto à agência do Banespa, em São Paulo, em outubro de 1968. À época ela tinha 15 anos de idade e morava em Caratinga, Minas Gerais.

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A imagem vinculada ao processo em que foi absolvida é por ter participado do PCdoB, um partido clandestino mas sem ligação com ações armadas.

Miriam virou alvo da patrulha que tem difamado críticos de Bolsonaro nas redes sociais depois de ter criticado o candidato no Bom Dia Brasil desta segunda-feira. “Bolsonaro durante muito tempo criticou a democracia e fez a carreira em defesa da ditadura e da tortura”, disse Miriam. “Muita gente compara os dois [Bolsonaro e o PT], mas eles não são equivalentes. Jair Bolsonaro sempre teve um discurso autoritário. O PT tem grupos que apoiam a Venezuela, mas é um partido que nasceu, cresceu na democracia e sempre jogou o jogo democrático”, afirmou.

Segundo cientista político Alberto Almeida, autor do livro A Cabeça do Brasileiro, escreveu em sua conta no Twitter, a perseguição à jornalista é um sinal da “ditadura moderna”. “Não é preciso fechar o regime, mas somente intimidar fortemente quem faz qualquer crítica”.

Em entrevista recente a EXAME, o cientista político americano Steven Levistky, professor de Harvard e co-autor do livro Como as Democracias Morrem, afirma que o nível de polarização na política brasileira coloca, sim, a democracia em risco. “A polarização é muito perigosa. Ela pode matar uma democracia, porque os políticos e os cidadãos não ficam em alerta para os riscos e se tornam menos responsáveis em suas posições”, diz.

Neste ambiente tóxico, os jornalistas são um alvo preferencial. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) registrou mais de 120 agressões a jornalistas em contexto político partidário e eleitoral este ano. Foram 59 atentados físicos e 64 ocorrências de assédio digital, como o que agora sofre Miriam Leitão.

“Um país que não compreende a diferença entre crítica ao trabalho jornalístico e violência contra profissionais da imprensa coloca a democracia e a si próprio em grave risco”, diz a Abraji em nota divulgada no sábado (6).

Segundo estudo da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas, entre 18 de setembro e 2 de outubro 945.3000 postagens no Twitter abordaram a cobertura da imprensa em relação às eleições. A Abraji já veio a público repudiar ataques contra jornalistas da Folha, da Veja e do The Intercept.

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