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Ministros de Dilma põem de lado vida política

Proibidos de exercer suas atividades profissionais até hoje, muitos dos auxiliares de Dilma ainda não definiram o seu destino, mas miram as eleições de 2018

Jaques Wagner: se dependesse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Wagner comandaria o PT (Roberto Stuckert Filho/PR)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de novembro de 2016 às 10h27.

Brasília - Seis meses após o afastamento de Dilma Rousseff do Palácio do Planalto, ministros da ex-presidente começam a voltar ao trabalho sem perspectiva de retorno à política a curto prazo.

Proibidos de exercer suas atividades profissionais até hoje por causa da chamada "quarentena", que terminou no dia 12, muitos dos auxiliares de Dilma ainda não definiram o seu destino, mas miram as eleições de 2018.

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Os que são filiados ao PT, porém, têm uma certeza: não querem compor a direção do partido.

É o caso do ex-chefe da Casa Civil Jaques Wagner, que mora em Salvador. Se dependesse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Wagner comandaria o PT.

Mas ele já avisou a Lula que não entrará nessa briga. Wagner foi convidado pelo governador da Bahia, Rui Costa, para assumir a Fundação Luís Eduardo Magalhães, destinada a formular políticas públicas.

Antes, o poderoso ministro de Dilma havia sido chamado para a Secretaria de Relações Institucionais da Bahia, mas recusou a oferta.

Ex-governador do Estado de 2007 a 2014, disse preferir um cargo com menos visibilidade, a exemplo de Dilma, que vai para o Conselho da Fundação Perseu Abramo.

Embora rejeite ficar à frente do PT, Wagner visitou, nos últimos meses, vários diretórios da sigla.

"Não preciso presidir o partido para contribuir", disse ele, cotado para disputar o Senado.

A mesma frase é repetida pelo ex-ministro da Secretaria de Governo Ricardo Berzoini, que jura não querer voltar de jeito nenhum a dirigir o PT.

Integrante da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), liderada por Lula, Berzoini chegou a participar de reuniões do grupo Muda PT, que reúne tendências de esquerda. Atuou como uma espécie de bombeiro na crise petista, que só aumentou após o impeachment de Dilma, na esteira da Lava Jato, e o fiasco nas eleições.

"Mas eu sempre avisei: ESe for para discutir nomes para a presidência do PT, estou fora. O momento é de tornar o PT coeso, não de ficar se engalfinhando", insistiu Berzoini.

Funcionário concursado do Banco do Brasil há 38 anos, o ex-ministro se reapresentou ao trabalho e contou ter sido "realocado" em um setor da instituição, em Brasília. Tem, no entanto, férias a cumprir. Além disso, já pode se aposentar, se quiser. "Até o fim deste ano vou decidir o que fazer. Estou tranquilo", afirmou.

"Você já leu A Insustentável Leveza do Ser? Eu estou assim, lendo algumas coisas de novo e pensando no que quero ser, sem ansiedade", disse, em referência ao livro de Milan Kundera.

Quase a metade da equipe de Dilma cumpriu "quarentena" por decisão da Comissão de Ética da Presidência da República. A concessão do benefício é prevista na lei para evitar conflito de interesse de quem sai de um cargo público para exercer funções na iniciativa privada.

Críticos do governo Michel Temer, os ex-ministros ganharam, nesse período, o mesmo salário de quando estavam na ativa: R$ 30,9 mil mensais.

Alguns deles, como Wagner e Berzoini, tiveram os nomes citados por delatores da Lava Jato, mas negam irregularidades.

"No campo"

"Eu também voltei ao meu órgão de origem, que é a roça aqui em Alagoas", brincou o ex-ministro do Esporte Aldo Rebelo. Jornalista, Aldo está escrevendo dois livros e passa boa parte do tempo no seu sítio em Viçosa, no Estado nordestino.

Uma das obras já tem até título: A Copa que o Brasil venceu. A outra é um balanço sobre o Código Florestal.

Ex-presidente da Câmara, filiado ao PCdoB, Aldo disse que, por enquanto, não planeja se candidatar às eleições para deputado, em 2018.

Na prática, porém, sonha com o Senado. "Não digo que sim nem que não, mas estou pensando em trabalhar como jornalista."

Aloizio Mercadante, que foi titular da Educação e da Casa Civil, continua morando em Brasília, mas não tem ido a reuniões do PT. Lê muito e gosta de mostrar fotos dos netos.

Ele pediu aposentadoria proporcional ao Senado. Sua assessoria informou que computou o tempo de trabalho como professor e deputado federal e não apenas de senador, de 2003 a 2010.

Advogado de Dilma no impeachment, José Eduardo Cardozo reassumirá na quarta-feira o cargo de procurador do Município de São Paulo.

Ex-ministro da Justiça e ex-advogado-geral da União, ele trabalhará para a Prefeitura a ser comandada por João Doria (PSDB), mas no escritório de Brasília.

Em breve, porém, deve pedir licença de novo. Ele vai se associar ao escritório Celso Cordeiro e Marco Aurélio Carvalho e coordenará o Departamento de Direito Administrativo.

Para Temer, Cardozo prevê um futuro "sinistro". "É um governo que terá muita dificuldade de chegar ao fim." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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